Bolsonaro parou 60% do trabalho
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
Vinte dias após ser derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) segue tendo uma agenda limitada. Recluso no Palácio da Alvorada, os compromissos oficiais do chefe do Executivo tiveram uma redução de 63%, segundo registros da agenda presidencial.
Candidato à reeleição em 2022, Bolsonaro viu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer a disputa pela Presidência da República, em 30 de outubro. De lá para cá, o atual presidente teve apenas 27 compromissos como presidente. No mesmo período do ano anterior, a agenda oficial de Bolsonaro registrou 74 reuniões e eventos.
Se levado em conta o primeiro ano como presidente da República, a redução foi ainda maior. Entre 31 de outubro e 18 de novembro de 2019, Bolsonaro teve 101 compromissos. No ano seguinte, já com a pandemia de coronavírus, foram 66 agendas oficiais.
Nas últimas três semanas, Bolsonaro só foi ao Palácio do Planalto, prédio de onde o chefe do Executivo despacha diariamente, em duas ocasiões. A primeira delas foi em 31 de outubro, para se encontrar com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A outra, em 3 de novembro, quando cumprimentou o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).
Nos outros dias, o atual presidente apenas recebeu familiares e aliados próximos, como ministros, parlamentares e assessores, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
O fluxo de apoiadores no local, que costumava ser grande e diário, também foi reduzido nos últimos 20 dias. Desde que perdeu as eleições, Bolsonaro deixou de cumprimentar simpatizantes no “cercadinho” do Alvorada, como era hábito nos últimos anos.
Segundo o colunista do Metrópoles Igor Gadelha, Bolsonaro está com um ferimento na perna que estaria dificultando até mesmo ele vestir calças compridas, o que justifica seu isolamento na residência oficial.
Aliados dizem que Bolsonaro teria ferido a perna durante a campanha, mas não cuidou direito à época. O ferimento, então, teria infeccionado, o que fez com que ele tivesse de tomar antibióticos e sentido febre e indisposição.
O estado de saúde fez com que o presidente escalasse o seu vice, o general Hamilton Mourão (Republicanos), para receber as cartas credenciais de embaixadores estrangeiros na última quarta-feira (16/11). A agenda geralmente conta com a presença do presidente.
Na última quinta (17/11), o general Walter Braga Netto, que compôs a chapa de Bolsonaro como candidato a vice, disse que o presidente deve voltar a despachar do Palácio do Planalto em breve, mas não soube cravar uma data.