Bolsonaro terá que pagar por voo na FAB

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Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

A viagem de Jair Bolsonaro em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para participar do desfile-comício em Copacabana no 7 de setembro foi incluída na lista de voos de campanha que serão cobrados do partido do presidente, o PL.

A inclusão se deu depois de a coluna mostrar os voos de campanha que Bolsonaro fez nas asas da FAB e que não foram listados entre os que precisam ser ressarcidos pela legenda.

Uma atualização da lista de voos fornecida pela FAB foi obtida por meio da Lei de Acesso à Informação. Agora, a corporação contabiliza 74 voos da campanha, entre 16 de agosto e 16 de outubro.

A última versão do documento, que incluía as viagens feitas até 1º de outubro, apontava para uma fatura de R$ 3,5 milhões a ser paga pelo partido do presidente.

Com a inclusão do novo período — e de voos que antes não estavam contabilizados, como o do 7 de setembro para o Rio —, o valor total saltou para R$ 5,3 milhões.

De acordo com o Gabinete Pessoal do Presidente da República, que forneceu os dados após determinação da Controladoria Geral da União, a CGU, a cifra ainda pode sofrer alteração porque “se encontra em fase de apuração”.

Além do voo ao Rio para o desfile do bicentenário da Independência, nessa última atualização foi incluída uma viagem feita pelo presidente a São Paulo em 1º de outubro. Na ocasião, Jair Bolsonaro participou de uma motociata na capital paulista.

Como está no exercício do cargo, Bolsonaro tinha o direito de usar as aeronaves oficiais durante a campanha, com o compromisso de que os custos deveriam ser pagos pelo partido.

A legislação prevê que a cobrança dos custos de viagens com fins eleitorais — há uma brecha para que não sejam cobrados os voos quando se misturam compromissos de campanha com agendas oficias da Presidência.

Mesmo após a inclusão dos voos para Rio e São Paulo, algumas viagens nas quais Bolsonaro teve agendas oficiais e também compromissos de campanha seguem fora da lista oficial de cobrança.

O voo para a festa de Peão de Barretos é um exemplo. O evento foi incluído na agenda da Presidência, mas acabou usado como palanque eleitoral. Bolsonaro foi recebido na arena de rodeios com o jingle de sua campanha e chegou a ser apresentado pelo locutor oficial como “capitão do povo”.

Outra viagem usada também para pedir votos, desta vez a Foz do Iguaçu, no Paraná, continua fora da lista. A agenda da Presidência informava que se tratava de uma “visita técnica às obras da Ponte da Integração Brasil-Paraguai”. Depois, porém, Bolsonaro participou de uma motociata com apoiadores.

O presidente ainda usou um avião da FAB para ir a Resende, interior do Rio de Janeiro, onde foi a uma cerimônia da Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman. Como nas outras viagens, ele aproveitou a agenda oficial para fazer campanha e, nas margens da Via Dutra, passou uma hora acenando para apoiadores que realizavam uma motociata.

Essas viagens, ao menos por enquanto, seguem fora da lista de cobranças da FAB. A ver se, para evitar novos questionamentos e o risco de cobranças futuras, a lista será atualizada uma vez mais.

Metrópoles