E o mundo vai parar para ouvir Lula

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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embarca hoje ao Egito para participar da 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas — COP27. A cúpula reúne líderes de 190 países e ocorre em um hotel de luxo no balneário de Sharm el-Sheikh. Lula terá dois dias de agenda intensa, nos quais participará de discussões ao lado de outras autoridades brasileiras e fará um pronunciamento oficial na zona da convenção destinada aos líderes internacionais.

O presidente eleito quer usar a COP27 para marcar o contraste com o atual presidente, Jair Bolsonaro, que chegou, inclusive, a desistir de sediar a conferência anterior no Brasil, em 2019. Derrotado nas urnas, o atual mandatário nunca participou presencialmente da cúpula. O governo, porém, enviará uma comitiva. Entre representantes oficiais e sociedade civil, o Brasil tem uma das maiores delegações do evento neste ano, com mais de 500 pessoas.

A assessoria do petista divulgou a agenda em solo egípcio, a partir de quarta-feira. Às 11h (horário local) — 6h no horário de Brasília —, ele participa da mesa “Carta da Amazônia — uma agenda comum para a transição climática”, ao lado dos governadores do Amapá, Antônio Waldez Góes da Silva; do Acre, Gladson de Lima Cameli; de Mato Grosso, Mauro Mendes; do Pará, Helder Barbalho; do Tocantis, Wanderlei Barbosa; e de Rondônia, Marcos Rocha, seis dos nove estados que compõem o Consórcio da Amazônia Legal. Wilson Lima (Amazonas), Carlos Brandão (Maranhão) e Antônio Denarium (Roraima) serão representados por secretários estaduais.

Segundo a programação do encontro, os seis governadores participarão de um painel para discutir o papel do financiamento internacional para a redução de emissões na região amazônica, que também contará com diplomatas, especialistas e outras autoridades. Logo depois, os governadores concederão entrevista à imprensa internacional credenciada para cobrir a conferência.

O destaque da agenda do presidente eleito está marcado para as 17h15 (12h15 em Brasília). Ele fará um pronunciamento oficial na Zona Azul do evento, reservada para a ONU, onde ocorrem também os encontros entre chefes de Estado e lideranças mundiais. Lula deve discursar sobre a importância da conservação ambiental e sobre as políticas que pretende adotar à frente do Executivo a partir do ano que vem, visando, especialmente, à cooperação com atores internacionais.

Já na quinta, às 10h locais (0h em Brasília), reúne-se com representantes da sociedade civil brasileira no Brazil Climate Action Hub, espaço criado em 2019, na COP25, dedicado ao país. Às 15h (10h), finalmente, o presidente eleito participa do Fórum Internacional dos Povos Indígenas para Mudanças do Clima. Na sexta-feira, Lula segue para Portugal, onde terá encontro com o presidente lusitano, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro do país, António Costa.

O petista foi convidado a participar da COP27 pelo presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, um dia após sua eleição, em 31 de outubro. O chefe do país-sede espera que o Brasil tenha uma participação “positiva e construtiva” na cúpula. Além da agenda oficial, Lula recebeu pelo menos dez convites para encontros com representantes de Estados Unidos, China, Alemanha, Reino Unido, além do próprio Egito. Também estão sendo agendadas conversas entre o presidente eleito e dirigentes de organismos internacionais.

No jatinho que o levará ao Egito estarão a esposa, Rosângela da Silva — a Janja —, o ex-ministro Fernando Haddad e o ex-chanceler Celso Amorim. Outros aliados já estão no Egito: as ex-ministras de Meio Ambiente Marina Silva (Rede-SP) e Izabella Teixeira, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), entre outros. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que havia confirmado participação, acabou desistindo da viagem para acompanhar o governo de transição.

Nos bastidores, comenta-se a possibilidade de Lula formalizar o convite para que a COP30 seja realizada no Brasil, em 2025. Ele também pode anunciar a nomeação de uma Autoridade Nacional do Clima, em um modelo que foi adotado pelos Estados Unidos e sugerido ao petista por Marina Silva. Havia também a expectativa de que o presidente eleito anunciasse algum ministro durante a conferência. Randolfe Rodrigues, porém, descartou ao Correio essa possibilidade.

Correio Braziliense