EUA já começam a “encanar” seus “bolsonaristas”
Foto: Brendan Smialowski/AFP
Quase dois anos após a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, o fundador do grupo de extrema direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, foi condenado na noite de terça-feira 29 por conspiração sediciosa, devido às suas ações antes e no dia do ataque de 6 de janeiro de 2021.
Rhodes, uma figura proeminente no movimento de extrema direita americano, pode pegar no máximo 20 anos de prisão, embora o júri também o tenha considerado culpado de outras acusações.
O veredicto de conspiração sediciosa contra Rhodes é um dos resultados mais significativos decorrentes da vasta investigação do Departamento de Justiça sobre o motim de 6 de janeiro.
A conspiração sediciosa, uma lei da era da Guerra Civil raramente usada, é cometida quando duas ou mais pessoas conspiram para derrubar, destruir, apreender a propriedade ou declarar guerra contra o governo, ou impedir a execução de qualquer lei do país.
O júri também considerou um dos associados de Rhodes, Kelly Meggs, culpado de conspiração sediciosa. Outros réus do grupo Oath Keepers foram considerados inocentes neste quesito, mas cometeram crimes diferentes.
O júri, após deliberar por cerca de três dias, disse que todos são culpados de obstrução de um processo oficial do Congresso – no caso, a certificação dos resultados eleitorais de 2020, com a vitória do presidente Joe Biden –, bem como conspiração para obstruir um processo do Congresso e impedir que seus membros cumprissem suas funções.
O advogado de Rhodes, Ed Tarple, disse que planeja apelar dos veredictos.
Durante o julgamento, promotores federais mostraram por meio de mensagens criptografadas, gravações e vídeos de vigilância que Rhodes havia conspirado com seus associados para se opor à transferência do poder presidencial e anular a vitória de Biden.
Na acusação contra os réus, o Departamento de Justiça alegou que Rhodes e os outros membros do grupo viajaram para a capital, Washington, D.C., nos dias anteriores a 6 de janeiro, onde obtiveram armas de fogo e equipamentos táticos, e estavam preparados para para impedir a pacífica transferência de poder pela força.
Os advogados de Rhodes argumentaram que ele e outros membros do Oath Keepers foram a D.C. somente na expectativa de que o então presidente, Donald Trump, usasse os poderes da Lei da Insurreição para reverter os resultados eleitorais.
Em depoimento, Rhodes disse que o grupo não pretendia invadir o Capitólio, mas os promotores argumentaram que os réus não foram acusados de adentrar o edifício, e sim de tentar impedir a certificação do Congresso pela força.
Os veredictos podem servir como uma prévia para o próximo julgamento contra o líder de outro grupo de extrema direita que atuou no ataque de 6 de janeiro, os Proud Boys: Henry “Enrique” Tarrio.
Alguns membros dos Proud Boys e Oath Keepers envolvidos na invasão já se declararam culpados de acusações de conspiração sediciosa. Mais de 100 outras pessoas se declararam culpadas, ou foram condenadas, por outras acusações sobre o 6 de janeiro.