IBGE mostra avanço do racismo no trabalho

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Foto: Unsplash

A dificuldade de pretos e pardos alcançarem posições de liderança no mercado de trabalho fica clara em um novo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil” mostra que pretos e pretos eram maioria (53,8%) dos trabalhadores do país em 2021, mas ainda assim ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais. Já os brancos eram 45,2% dos trabalhadores e 69% dos líderes.

Os dados apontam ainda que, quanto maior a renda do trabalho, menor é a proporção de pretos e pardos em cargos de comando. No grupo dos trabalhadores entre os 20% de rendimentos mais baixos, brancos eram 56% dos gerentes, enquanto pretos e pardos respondiam por 43%.

No outro extremo, entre os 20% dos trabalhadores com rendimento mais alto, a proporção de brancos em cargos gerenciais é ainda maior, de 84,4%, enquanto pretos e pardos nesta condição são apenas 14,6%.

“Os resultados mostram que a ocupação de cargos gerenciais é maioria feita por pessoas brancas. E o recorte por renda indica que, quanto maior o rendimento desses cargos gerenciais, maior é a proporção de pessoas brancas vis a vis às pretas ou pardas. Na categoria de renda mais alta, apenas 14,6% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos”, afirma o analista do IBGE João Hallack.

Especialistas costumam apontar que as desigualdades do mercado de trabalho de acordo com a raça refletem condições desiguais, de acordo com raça ou origem social, a questões que influenciam na presença desses trabalhadores, como a educação.
Hallack reconhece que parte disso pode ser verdade, mas não é a explicação única para essas desigualdades raciais no mercado de trabalho. Para rebater este argumento, usa os dados que mostram que há diferença do rendimento entre trabalhadores brancos e pretos e pratos mesmo quando se compara apenas aqueles com o mesmo nível de instrução.
Em 2021, o rendimento médio por hora dos trabalhadores brancos era de R$ 19, enquanto o rendimento dos pretos era R$ 10,9 e o dos pardos, R$ 11,3. Entre os trabalhadores com nível superior completo ou mais, o rendimento médio por hora dos brancos era 50% maior que o dos pretos e cerca de 40% superior ao rendimento dos pardos.

“O rendimento do trabalho das pessoas brancas foi em média 69% acima das pessoas pretas e pardas. Esse rendimento mais elevado poderia estar associado ao grau de instrução. Em parte isso pode ser verdade, mas não explica totalmente”, diz o analista, que reconhece o ganho de renda com o avanço na educação.

“O nível superior realmente garante renda mais elevada para a população de todas as raças. Mas a renda da população de cor branca também é superior à da população preta ou parda mesmo entre os que têm superior completo. O diferencial chega a 41%”, completa.

Valor Econômico