Lula começa a governar o país hoje
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Depois de dias de descanso na Bahia, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcará em Brasília nesta semana para uma intensa agenda com autoridades do Legislativo e do Judiciário. Lula chegará à capital federal ao lado do vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), e de ampla comitiva.
O petista tem reuniões previstas com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Será a primeira agenda oficial com Lira, que até então se posicionou como aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A transição começa hoje com reuniões marcadas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), espaço em Brasília a cerca de 7 km do Palácio do Planalto.
O CCBB abriga exposições, shows e cinema durante o ano. Desde 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez, o local é cedido para a equipe de transição de governo. Em 2018, foi lá que a equipe nomeada por Bolsonaro se reuniu com integrantes da gestão de Michel Temer (MDB). Lula também transferiu seu governo para lá em 2009, durante reforma do Palácio do Planalto.
O chefe da transição é Alckmin. Assim como Lula, ele terá seu próprio gabinete instalado nas salas de reunião do CCBB. Também haverá um espaço de reuniões e algumas salas para as equipes técnicas.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, visitou o local na última sexta-feira, acompanhada do coordenador do programa de governo da campanha, Aloizio Mercadante, e de parlamentares do partido, e disse que serão necessários os dois andares do prédio, já que haverá pessoas trabalhando como voluntárias.
O governo eleito deve indicar 50 nomes para avaliar as contas e os programas do atual governo, além de debater a viabilidade de promessas de campanha. Esses nomes serão divididos em grupos temáticos. O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, por exemplo, vai liderar reuniões com colaboradores na área. A ideia é reunir sugestões de diversos setores incluindo fundações, parlamentares, organizações do terceiro setor e entidades representativas da educação.
Nem todos os participantes vão compor oficialmente a equipe de transição, mas fornecerão subsídios para o grupo que ficará na linha de frente. A sistematização das sugestões dos colaboradores ficará sob responsabilidade de Henrique Paim, ex-ministro da Educação durante o governo Dilma Rousseff e braço direito de Haddad. Não há definição, no entanto, de que Paim será o coordenador da transição nesta área.
Entre os que foram chamados para a equipe de colaboradores da área de educação estão quadros do PT, como a senadora eleita Teresa Leitão, a deputada federal Rosa Neide e Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Também há representantes ligados a fundações como Neca Setubal, pessoa de confiança da ex-ministra Marina Silva (Rede); e a organizações do terceiro setor, como Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Embora esteja à frente das discussões, Haddad tem deixado claro a interlocutores quer não quer assumir a área novamente. A pasta é uma das mais caras ao PT e uma das vitrines dos governos de Lula e Dilma.
Vice-presidente eleito, Alckmin vai ser o coordenador da transição do governo. Ele já teve seu nome publicado no Diário Oficial da União e vem liderando reuniões em Brasília e São Paulo. Na quinta-feira, esteve com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O professor da Unicamp também fará parte da equipe técnica da transição voltada para economia. Ele integra a Fundação Perseu Abramo e foi um dos principais porta-vozes da campanha para a área econômica. Pérsio Arida também foi convidado, mas ainda não respondeu.
O ex-ministro Aloizio Mercadante — que foi responsável pela elaboração do programa de governo de Lula — será coordenador técnico da equipe de transição. Mercadante se dedicará a um levantamento técnico programático antes da designação de coordenadores temáticos.
Além de comandar uma dos principais partidos da aliança de Lula, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, é advogado, tem experiência como gestor e deve atuar, segundo aliados, de forma transversal durante os trabalhos de transição. Outros nomes do PSB que integrarão a equipe estão em discussão .
Um dos pais do Plano Real, o economista André Lara Resende irá integrar o grupo que discutirá economia. Presidente do BNDES durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, assessorou em 2018 a campanha da então candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva.
Ex-deputado federal, migrou do PSDB para o PSB junto com Alckmin e atuará como assessor do vice-presidente eleito. Foi diretor de projetos no Ministério da Educação no governo FH e, nas gestões de Alckmin em São Paulo, foi secretário-adjunto da Casa Civil e comandou a Secretaria de Desenvolvimento Social.