Lula encontra Lira e Pacheco hoje

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Foto: Andre Penner/AP

De olho na governabilidade e na manutenção do pagamento de R$ 600 aos beneficiários do Auxílio Brasil, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se reunir hoje com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A visita institucional também está programada para se estender para o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

É a primeira vez que Lula se reúne com os chefes de outros poderes desde que foi eleito. No caso do Congresso Nacional, um dos assuntos principais deve ser o melhor caminho para a manutenção dos R$ 600 do Auxílio Brasil em 2023, proposta prometidas pelo petista durante a campanha presidencial. Isso porque Legislativo e a equipe de transição estão divergindo sobre a opção mais adequada para abrir espaço no Orçamento: se por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), o que requer amplo apoio dos congressistas, ou se via Medida Provisória (MP), que só poderia ser editada em janeiro do ano que vem.

Na semana passada, Pacheco defendeu que, em vez da chamada PEC da Transição, o governo eleito deveria presenta uma MP. Segundo Pacheco, a medida provisória poderia servir para garantir a abertura do crédito extraordinário necessário ao custeio do programa de transferência de renda. A ressalva desta opção é que isso poderia afetar o pagamento do mês de janeiro, quando os beneficiários voltariam a receber momentaneamente o valor de R$ 400.

Interlocutores do PT acrescentam, no entanto, que as conversas devem englobar também um aceno à composição entre os partidos. Neste sentido, Lula deve demonstrar tanto para Pacheco como para Lira que o sua gestão quer evitar o confronto entre os poderes, algo que marcou a gestão bolsonarista. Diante disso, dizem os petistas, é provável que o presidente do Senado e o petista conversam sobre uma possível adesão do PSD à base aliada do novo governo. O partido de Pacheco tem 11 senadores, sendo maioria pró-Lula, 42 deputados e é visto como fundamental para a governabilidade no ano que vem. Na outra ponta, Lira deve dar novos passos em sua ofensiva para conseguir apoio do PT e de outros partidos da esquerda para permanecer à frente da Câmara por mais dois anos.

Com todas essas agendas, a previsão é que Lula retorne a São Paulo na quinta-feira. Além disso, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ontem que pretende organizar uma reunião com os presidentes de partidos para dar uma “resposta política” às manifestações golpistas que pedem uma intervenção militar no país diante da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição.

“O perdedor tem direito de espernear, de fazer oposição, mas não tem direito de chamar para um golpe, não tem direito de querer fazer uma desestabilização do país”, afirmou ela, após reunião com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP). “O Tribunal Superior Eleitoral foi muito correto na condução do processo eleitoral, foi muito firme, e queremos que o Judiciário continue sendo firme na defesa do resultado das eleições.”

A petista defendeu que esse movimento golpista não pode se alastrar pelo país e, embora os bloqueios em estradas tenham diminuído, ainda existem, assim como manifestações em frente aos quarteis do Exército. A reunião com os partidos serviria para “dar uma resposta dura” ao movimento oposicionista, embora ela não tenha deixado claro como isso se daria.

“Temos que dar uma resposta dura do ponto de vista da política, desconhecer esse movimento e como instituição se posicionar, inclusive para isso ser ouvido nas instituições do Executivo, principalmente nas Forças Armadas, e também no Judiciário”, afirmou. Ela respondeu, contudo, que não há reunião marcada com as Forças Armadas ou a Defesa.

Valor Econômico