Lula tem forte avanço entre mais ricos
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ganhou em 10% das cidades mais ricas do país. O petista teve mais votos que Jair Bolsonaro (PL), atual presidente da República, em apenas 104 dos 1.000 minicípios com os maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs).
Por outro lado, Lula ganhou em 97% das cidades mais pobres, ou seja, aquelas que têm os menores IDHs.
Os dados levantados pelo Metrópoles mostram que Lula avançou nas cidades mais ricas e manteve a hegemonia do PT entre os mais pobres. Em 2018, o candidato petista à Presidência da República, Fernando Haddad, ganhou em 3% dos municípios com os maiores IDHs, e em 98% dos maiores.
Na prática, Lula triplicou o número de cidades mais ricas que escolheram o PT para governar o país.
“Não vejo como um avanço, mas como uma recuperação”, explica o cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.
“A eleições de 2018 fogem da lógica. Uma coisa é o Lula, que tem uma habilidade política de se conectar com as pessoas mais pobres e mais ricas em uma linguagem que ambos compreendam. Outra coisa é o Haddad que, apesar de ter sido o candidato do PT, não era o Lula”, complementa a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Cerca de 80% desses municípios mais pobres estão no Nordeste. Já as cidades com maiores IDHs se concentram no Sudeste (49%) e no Sul (42%).
O cientista político Eduardo Grin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, ressalta a virada de votos de Lula nas capitais e grandes cidades do país. “Em 2018, o Bolsonaro ganhou em muitos desses municípios, e isso não aconteceu neste ano”, afirma.
É o caso, por exemplo, de São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, João Pessoa, São Luís, Recife, Teresina e Aracaju, que deram mais voto a Lula do que a Bolsonaro no último domingo (30/10).
O petista também mostrou avanço no estado de São Paulo. Das 104 cidades com os maiores IDHs em que ele venceu, 34 são paulistanas.
Aproximadamente 75% dos 31 municípios mais pobres em que Bolsonaro venceu estão na região Norte do país. A lista inclui 14 cidades do Pará, três de Roraima, seis do Acre e uma do Amazonas.
“Para parte da população da Amazônia, o bolsonarismo significa liberdade para deflorestar e para garimpar em áreas ilegais”, analisa Lavareda.
Por outro lado, há dois municípios em Minas Gerais e cinco em Alagoas, reduto do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que enviou mais de R$ 490 milhões em verba do orçamento secreto para o estado.