Ministros do STF veem Bolsonaro com medo
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) atribuem o silêncio de Bolsonaro a um fator: o medo de arcar com as consequências de fazer qualquer gesto de apoio às manifestações antidemocráticas que acontecem desde sua derrota.
Integrantes da corte relataram à coluna que o presidente está ciente de que qualquer ação que estimule iniciativas golpistas terá consequências. Não é descartado, por exemplo, que Bolsonaro possa ficar inelegível, a depender do comportamento que adotará. Ele responde a mais de dez ações na corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com potencial de deixá-lo fora de disputas eleitorais por oito anos. Bolsonaro também já confidenciou a aliados que teme, até mesmo, ser preso.
Como informou a coluna, o presidente já recebeu recados de que o governo Lula não será revanchista. É consenso, porém, que o estímulo a atos antidemocráticos não será tolerado pelos petistas e também pelo Judiciário.
Ministros do STF próximos a Bolsonaro relataram que têm mantido conversas com o presidente, mas que ele tem evitado falar sobre eleições. Aliados de primeira ordem de seu governo afirmam que Bolsonaro segue inconformado com o resultado das urnas e colocando o TSE como um dos principais responsáveis por sua derrota, por isso avaliam que o melhor é que ele mantenha silêncio.
Eles acreditam, no entanto, que esse sumiço de Bolsonaro pode estar perto do fim. Há a expectativa de que o chefe do Executivo se manifeste publicamente após seu partido, o PL, apresentar ao TSE um relatório que peça a revisão de parte das urnas eletrônicas. A iniciativa foi anunciada em um vídeo do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e o relatório deve ser protocolado nesta terça-feira.