PT deve ficar com social, Casa Civil, Fazenda e Planejamento

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Em meio à pressão para anunciar os nomes do primeiro escalão, principalmente na área econômica, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou a público o que vinha falando internamente: só escalará o seu time depois que voltar da viagem à COP27, no Egito, com escala de um dia em Portugal no retorno ao Brasil. O passo seguinte será definir quais pastas ficarão com o PT. Nesta quinta-feira (10), foram divulgados novos nomes da equipe de transição.

O coordenador da transição e vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) anunciou 36 nomes de seis grupos temáticos. Entre eles, cinco ex-ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff: Guido Mantega, Paulo Bernardo, Nilma Gomes, Eleonora Menicucci e a deputada reeleita Maria do Rosário (PT-RS).

Ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega vai coordenar a área de Planejamento, Orçamento e Gestão. O ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB), que coordenou o programa de governo da terceira colocada na disputa presidencial, senadora Simone Tebet (MDB-MS), integra o grupo de trabalho sobre Indústria e Comércio.

Na quarta-feira, Lula afirmou, em entrevista coletiva, que só divulgará os nomes do primeiro escalão quando voltar da viagem internacional. “Estou mais preocupado do que vocês, mas ainda não posso contar”, respondeu o petista, ao ser questionado sobre os nomes mais cotados para o Ministério da Fazenda – Henrique Meirelles, Fernando Haddad e Alexandre Padilha. Lula embarca na segunda-feira para o balneário egípcio de Sharm El-Sheik, onde está sendo realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), e retorna no dia 18.

Interlocutores do presidente eleito disseram ao Valor que ele tem duas preocupações principais neste momento: a articulação com a Câmara e o Senado em torno da PEC da Transição, e sua participação na COP27. Lula está determinado a reposicionar o Brasil na cena internacional, e vai começar pela tentativa de consolidar o país como uma das lideranças na questão climática.

Somente na volta ele começará a montar a equipe. Inicialmente, Lula espera receber da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, uma relação com os ministérios que deverão ficar com o partido. O petista prefere que a economia (Fazenda e Planejamento) seja conduzida por quadros do PT. No entanto, pessoas próximas ao presidente eleito afirmam que ele não escolheu o futuro ministro da Fazenda. Nesse cenário de indefinição, o nome do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro Henrique Meirelles ainda não foi descartado.

Os gabinetes do Palácio do Planalto (Casa Civil, Secretaria-Geral e Secretaria de Governo) também ficarão com o partido, bem como as pastas da área social. Lula já disse a interlocutores que não abre mão de que o PT controle os ministérios da Saúde, da Educação e da pasta que será responsável pela gestão do programa Bolsa Família, hoje chamado de Auxílio Brasil.

Este pode ser um primeiro impasse, porque aliados da senadora Simone Tebet já sinalizaram o interesse da emedebista em uma pasta ligada às ações sociais. Tebet só não será ministra de Lula se não quiser. Ela já foi nomeada para o grupo de trabalho de assistência social, ao lado da ex-ministra Tereza Campello (PT), uma das responsáveis pelo desenvolvimento do Bolsa Família.

O presidente tem nomes considerados “coringas”, que estão cotados para diversos ministérios. Dessa forma, Fernando Haddad tem a preferência da cúpula petista para assumir a Fazenda, pasta que na concepção dos aliados lhe daria vitrine para concorrer à Presidência em 2026. Mas o candidato derrotado ao governo de São Paulo também é lembrado para a Casa Civil.

Da mesma forma, o deputado reeleito Alexandre Padilha (PT-SP) tem o nome cogitado para o Ministério da Fazenda. Muito próximo do casal Lula e Janja, Padilha é considerado pule de dez para o primeiro escalão, e se não ficar na economia, pode assumir a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política – função que desempenhou no segundo mandato de Lula. Se voltar para a articulação política, Padilha seria uma exceção à regra que Lula impôs internamente de não repetir nomes nas mesmas pastas.

Outro “coringa” na lista de Lula é o ex-governador da Bahia Rui Costa (PT), considerado um quadro de perfil técnico, e respeitado pela marca de responsabilidade fiscal que deixou no Estado. Ele tem o nome cogitado para um ministério da área de infraestrutura, que poderia ser Cidades, Desenvolvimento Regional ou Transportes. Mas o nome de Costa passou a ser ventilado para a presidência da Petrobras nos últimos dias.

Nos bastidores, Lula tem solicitado indicações de mulheres para os cargos. Nesse quesito, os nomes de Gleisi Hoffmann, Marina Silva (Rede) e Simone Tebet são citados. Outras mulheres cogitadas para o ministério são a governadora do Ceará, Izolda Cela – que se desfiliou do PDT na campanha, e pode ir para o PT – para o Ministério da Educação, e a deputada eleita Sônia Guajajara (PSOL) para o Ministério dos Povos Originários, que será criado.

O Ministério de Relações Internacionais (MRE) deve ser confiado a um diplomata de carreira, que terá o nome avalizado pelo ex-chanceler Celso Amorim, que coordenará a área internacional na transição.

Em outra frente, o PSB, partido de Geraldo Alckmin, deve comandar pelo menos duas pastas: o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que deverá ficar com o senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino; e o Ministério da Ciência e Tecnologia, que pode ficar com o ex-governador de São Paulo Márcio França.

Valor Econômico