Acampamento golpista no DF é só irregularidades

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Foto: Evandro Éboli – Metrópoles

Na tarde desta terça-feira (6/12), representantes da Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP/DF) vão se reunir com membros do Exército Brasileiro. A intenção é definir ações para “organizar” o ato antidemocrático promovido por bolsonaristas em frente ao Quartel General do Exército no Setor Militar Urbano (SMU), desde 30 de outubro.

A reunião teria sido convocada pelos próprios militares — que, há menos de um mês, já haviam requisitado ajuda do GDF para controlar os integrantes do acampamento, que se espalham pela Praça dos Cristais, um dos principais pontos turísticos de Brasília.

O Metrópoles apurou que um dos tópicos a serem tratados no encontro diz respeito às diversas banquinhas de comida e outros serviços que não têm autorização para estarem no local.

Uma ação de tentativa de retirada dessas barracas foi realizada em 12 de novembro. Na época, o DF Legal foi acionado e verificou 23 barracas de venda.

A pasta deu prazo de 1 hora para retirada desses comerciantes, que se instalaram à revelia no local. Caso o prazo não fosse cumprido, o órgão passaria a multar os responsáveis. Porém, a fiscalização não foi eficiente como prometera.

Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão acampados em frente ao QG do Exército há mais de mês. Eles não aceitam o resultado das eleições de 2022, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o próximo presidente do Brasil.

No local, há manifestantes fixos, que passaram a morar em barracas. E também há os militantes do tipo visitante, que vão passear no local com a família e até mesmo os pets, mas ficam por lá apenas curtos períodos de tempo.

Entre as tendas oficiais dos organizadores que distribuem alimentação gratuita e as barracas nas quais os manifestantes dormem, o comércio funciona a todo vapor. Os ambulantes vendem diversos produtos, em um esquema bem semelhante a uma feira.

Bolsonaristas têm exposto, na internet, supostos “infiltrados” que estariam tentando enfraquecer o movimento. As postagens que se referem a “falsos patriotas” – que supostamente tentam influenciar os manifestantes a saírem de frente do QG e irem para outro ponto, como a Esplanada dos Ministérios –, começaram a ganhar força na última quarta-feira (30/11).

Naquele dia, houve uma manifestação na Esplanada referente ao Dia do Evangélico, feriado na capital federal. Indígenas e outras pessoas vestidas de verde e amarelo foram até ao local. Havia receio de esvaziamento do acampamento em frente ao QG, mas as barracas e a movimentação permaneceram na área militar.

Em um dos vídeos que circulam entre os manifestantes, um homem vestido com camiseta amarela é hostilizado por um grupo em frente ao QG. “Vai para a Esplanada sozinho! Fora, vaza!”, grita uma pessoa não identificada.

Outro vídeo mostra uma mulher apontada como “infiltrada” falando para alguns irem para a Esplanada. “Amor, as pessoas são livres”, diz ela, mas, em seguida, um homem a acusa: “Estão tentando tirar o pessoal daqui”.

O sentimento de desunião e desconfiança ecoa no QG do Exército. Na última quarta-feira, o jornalista bolsonarista Oswaldo Eustáquio esteve no acampamento e falou para os manifestantes desconfiarem das pessoas que não souberem cantar hinos constantemente usados pela militância.

Uma das mulheres que abordou o jornalista falou a ele sobre a divergência do grupo: “O pessoal tem que se unir de novo. Está ficando desunido”.

Um dos supostos manifestantes fake é o ex-deputado e ex-senador Sibá Machado (PT). Segundo militantes, ele “está infiltrado no meio dos patriotas em Brasília, passando desinformação e tentando acabar com as manifestações”. A reportagem procurou Sibá para comentar a respeito da acusação, mas até a última atualização deste texto, o parlamentar não havia emitido nenhum comentário.

Metrópoles