Agronegócio continua enfezado pela derrota de seu candidato
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Na semana em que entidades do agronegócio foram convidadas pela equipe de transição para conversar e apresentar suas demandas ao governo eleito, lideranças do setor que não compareceram às reuniões mostraram que a resistência ainda pode ser grande. Algumas ainda não aceitam nem o resultado das urnas.
“De momento, temos que esperar se confirmar [o govenro]. A gente sabe o resultado de uma eleição duvidosa, que o povo não está acreditando. Vamos aguardar. Até não definir realmente vamos conversar o quê?”, disse um dirigente ao Valor durante um evento em Brasília nessa quarta-feira. “Por que não dar clareza, mostrar os votos, o código-fonte? Para que deixar dúvida?”, insistiu.
Segundo essa liderança, a base de produtores “não está muito para conversa” e pressiona os dirigentes das entidades em Brasília. Ela admite, no entanto, que o diálogo vai ter que ocorrer, mas espera não encontrar “radicalismos” no novo governo.
“Sem agricultura ninguém sobrevive, é morte certa para todos. O governo depende da produção, a população de modo geral. Se [o governo] criar dificuldade, vai ser mais fácil faltar alimento”, pontuou. “Mas não acredito que vão querer fazer um governo de maldade, porque sabem que isso afunda o país num instante”.
Já um deputado da bancada ruralista disse, no mesmo evento, que o governo eleito dá sinais contraditórios ao setor. Os nomes escalados para conduzir a transição da agricultura são bem aceitos no campo e os acenos do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) ao agronegócio afagam as lideranças. Por outro lado, as ideias em debate pelo grupo de desenvolvimento agrário, não. A principal preocupação ainda é com o fortalecimento de movimentos sociais, como o MST, e a retomada de invasões de terra.