Centrão pede seis ministérios para aderir a Lula
Foto: Ana Paula Paiva/Valor
PSD, MDB e União Brasil esperam receber pelo menos dois ministérios cada um em troca do apoio ao governo Lula no Congresso, afirmam parlamentares destes partidos. Em todos os casos, a ideia é contemplar um representante da Câmara dos Deputados e outro do Senado na Esplanada. Juntos, os três partidos devem formar o “núcleo duro” de apoio dentro do Centrão. No PP e Republicanos, aliados foram destacados para sondar o real tamanho dos governistas.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com MDB, PSD e União e os convidou para estarem na base aliada, disse esperar o apoio deles nas votações, mas que só negociará os espaços de cada um mais para frente. No encontro com o MDB, informou que só espera iniciar os anúncios dos ministros após ser diplomado pela Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer em 12 de dezembro.
Os emedebistas querem três Pastas. Uma para a Câmara (provavelmente a ser ocupada por um indicado do governador do Pará, Helder Barbalho, que terá um quarto da bancada federal) e uma para o Senado. Para os parlamentares do partido, a senadora Simone Tebet (MS) é “cota pessoal” de Lula, pelo papel decisivo que desempenhou no segundo turno. A expectativa é de que ela comande o Ministério do Desenvolvimento Social, à frente do novo Bolsa Família, mas petistas trabalham contra essa nomeação por entenderem que isso daria projeção para ela para a eleição presidencial de 2026.
O líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL), também tem atuado para ser líder do governo na Câmara, caso a vaga não fique com o PT. Se ficar, o deputado José Guimarães (CE) é um dos principais cotados e tem sido a voz de Lula nas reuniões da Câmara. O MDB também colocou na mesa de negociações o apoio à reforma tributária, apresentada em 2019 pelo presidente do partido, o deputado Baleia Rossi (SP).
No PSD, a fatura já foi divulgada pelo presidente do partido, Gilberto Kassab, que deseja dois ministérios para a sigla. Pela Câmara, o favorito é o deputado Pedro Paulo (RJ), aliado de primeira hora do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e visto como um nome muito qualificado por todos os colegas. No caso do Senado, os cotados são Alexandre Silveira (MG), amigo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ou Carlos Fávaro (MT) para a Agricultura.
No União Brasil, o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), informou a Lula anteontem que a sigla também espera dois ministérios. O senador Davi Alcolumbre (AP), possível relator da PEC da Transição, quer uma Pasta ligada ao setor de energia, enquanto um deputado ocuparia a outra. Nesse caso, ainda não há nome favorito e dependeria de qual área fosse oferecida. O União Brasil será o terceiro maior partido da Câmara.
Os parlamentares ouvidos pelo Valor destacam que isso é o que está sendo pedido neste momento e que ainda não houve abertura formal das conversas nem de quais espaços serão ocupados. No entendimento deles, contudo, haverá uma insatisfação se só os senadores ou só os deputados forem contemplados na divisão, principalmente se outros partidos de tamanho parecido ou menor tiverem mais cargos. Um dos citados é o PSB, que com apenas 14 deputados deve ter até três ministérios (para o senador eleito Flávio Dino, para o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e para o ex-governador Márcio França).
Já os partidos que apoiaram Lula na eleição cobram espaço “de primeira ordem” no Executivo. O Solidariedade, que incorporou o Pros, diz que acabou prejudicado pela saída de políticos que não queriam fazer campanha ao lado do petista e que, por isso, espera ser recompensado agora. A expectativa é comandar as áreas de Trabalho, de Previdência ou Esportes. O espaço será do presidente do partido, Paulinho da Força (SP), ou de um dos deputados eleitos. O PDT também aguarda ser chamado – o indicado deve ser o presidente Carlos Lupi.