Conheça os deputados alvos da operação da PF
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Entre os mais de 100 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta quinta-feira, os deputados estaduais do Espírito Santo Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL) se destacam por serem dois alvos com mandatos eletivos. No entanto, os parlamentares que atualmente estão unidos no apoio ao presidente Jair Bolsonaro, tiveram trajetórias políticas diferentes antes de serem investigados juntos por organizar atos antidemocráticos após o resultado das eleições. Os dois não foram presos, mas terão que utilizar tornozeleira eletrônica.
Com uma postura mais radical, Capitão Assumção tem questionado o resultado das eleições e feito diversos ataques à atuação dos ministros do STF em suas contas nas redes sociais. Ele, que teve seus perfis oficiais bloqueados por decisão do Supremo em julho, segue em novas contas publicando vídeos regularmente.
“Repitam comigo: O STF deu um golpe de Estado. Depois da “diplomação”, foram todos a festa de samba na casa do advogado KayKai e junto o diplomado LARÁPIO. Foram festejar o golpe na Democracia. #OLadraoNaoVaiSubirARampa”, publicou, há dois dias, numa publicação no Twitter.
Na maioria das postagens ele aparece usando o uniforme de gala da PM, corporação que integra desde 1983.
O início na vida política do militar, no entanto, foi distante da extrema-direita onde milita atualmente. Em 2006, quando disputou sua primeira eleição a deputado federal, Assumção era filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Mesmo sem ser eleito, Assumção foi efetivado deputado em 6 de janeiro de 2009, após a renúncia do Deputado Neucimar Fraga, e ficou no cargo até o fim da legislatura, em 2011.
Em 2010, ainda no PSB, ele tenta novamente se eleger deputado federal e mais uma vez não alcança o quantitativo de votos necessários. Ele concorreu ainda sem sucesso a deputado federal em 2014, então filiado ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), o atual Republicanos, e a vereador de Vitória pelo Partido da Mulher Brasielra (PMB). Foi eleito deputado estadual em 2018, filiado ao Partido Social Liberal (PSL), e tentou ainda ser prefeito de Vitória em 2020, mas teve apenas 7% dos votos. Foi expulso do PSL em 2020 e se filiou ao Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2017, Assumção chegou a passar 10 meses preso acusado de estimular a greve da Polícia Militar no Espírito Santo, após com a divulgação de áudios e vídeos em redes sociais. Em 2019, durante discurso na Assembleia Legislativa do ES, ofereceu R$ 10 mil a quem matasse o suspeito de assassinar uma jovem em Cariacica, na região metropolitana da Grande Vitória (ES).
Já Carlos Von iniciou sua carreira política em 2012, quando concorreu a prefeito de Guarapaí (ES), sua cidade natal, pelo Partido Social Liberal (PSL). Ao todo, já tentou o cargo três vezes, sem sucesso. Teve passagens ainda pelo Partido Social Democrático (PSD) e Avante antes de se filiar ao Democracia Cristã, seu atual partido.
Ele, que não se reelegeu como deputado no último pleito, foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) à inelegibilidade por oito anos, a contar a partir de 2020, por abuso de poder econômico. Ainda cabe recurso.
Em suas redes, o deputado só tem cinco posts favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, todos publicados após o fim de sua campanha eleitora. Grande parte de suas postagens são críticas à prefeitura de Guaraparí e ao governo do estado.
A proximidade e admiração pelo companheiro de Assembleia Legislativa Capitão Assumção também foi registrada em suas redes. Em publicação de abril, o parlamentar homenageou o correligionário por seu aniversário e o chamou de ‘exemplo de coragem ‘.
“Parabéns meu amigo @capitaoassumcao por mais um ano de vida. Que Deus lhe dê muita saúde para que continue lutando pelo povo capixaba. Você é um exemplo de coragem pra todos nós”, escreveu.
Carlos Von nega, que chegou a postar no dia 7 de novembro imagens de manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro em suas redes com a legenda “Nós temos o poder de mudar o mundo. Contra o povo, ninguém pode”, no entanto, negou apoio aos atos antidemocráticos.
–A polícia foi lá, aprendeu meu computador. Eu sei que foi um pedido da procuradora da justiça, atendido pelo Ministro Alexandre de Moraes. Mas eu não participei de nenhuma manifestação antidemocrática, não fiz nenhum pronunciamento contestando a eleição – afirmou o deputado Carlos Von, que também teve o passaporte apreendido.