Lula pode pôr mulheres na Saúde e na Educação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após a sua diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prevista para hoje, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva retomará os anúncios da equipe ministerial. Há pressa para a oficialização de nomes em áreas sensíveis e que exigirão esforço redobrado antes da posse e nos primeiros dias do novo governo, como Saúde e Educação.
O petista também deverá anunciar o responsável pela articulação política e contemplar a diversidade racial e de gênero, para responder às críticas ao primeiro anúncio, que incluiu apenas homens brancos. O organograma da Esplanada foi discutido na tarde de ontem pela cúpula do PT em uma reunião fechada no hotel em que o petista está hospedado, em Brasília.
Lula definiu que o terceiro mandato será inspirado no modelo de seu segundo governo, mas evitando a repetição de nomes nos mesmos cargos. No fim de semana circulou internamente a possibilidade de Aloizio Mercadante, atual coordenador dos grupos técnicos da transição, assumir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A solução, porém, está longe de gerar consenso entre auxiliares de Lula. Parte do núcleo duro do governo tem insistido em um nome com mais apoio do mercado. Neste caso, o mais citado é o economista Gabriel Galípolo.
Diferentemente dos cinco primeiros ministros anunciados, agora Lula precisa enfrentar um quebra-cabeça que envolve a negociação com partidos que irão compor a sua base de apoio e as pressões por parte do PT.
Na Saúde, o nome mais cotado é o da presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade. Além de forte apoio do entorno de Lula, é vista como exemplo de conduta no combate à pandemia. Sua presença seria casada com a do ex-ministro Arthur Chioro como secretário-executivo, que é profundo conhecedor da pasta.
Outro nome que já está bem encaminhado é o da governadora do Ceará, Izolda Cela, como ministra da Educação. Apoiada pelo senador eleito Camilo Santana (PT), de quem herdou o governo, tem sua gestão na área elogiada. Ela deixou o PDT em uma disputa local que favoreceu o grupo político de Lula.
Assim como Nísia, a governadora do Ceará gera queixas no PT por não ser da cota do partido. Uma ala ainda tenta emplacar o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), no posto.
Lula definiu que a Casa Civil terá perfil técnico com o ex-governador da Bahia Rui Costa. O favorito para a Secretaria de Relações Institucionais, que voltará a se incumbir da articulação política, é Alexandre Padilha, que já ocupou o cargo. A função no passado também foi desempenhada por José Múcio, agora escolhido ministro da Defesa.
Ainda no Palácio do Planalto, Lula está escolhendo o titular da Secretaria-Geral da Presidência. O cargo tem três cotados: o deputado Márcio Macedo (PT-MG), que foi o tesoureiro da campanha; o deputado estadual reeleito Emídio de Souza (PT-SP), próximo de Lula, e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas.
Carvalho é igualmente cotado para assumir a Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ), responsável pelos decretos presidenciais e demais despachos do presidente. Outro cotado para a SAJ é o advogado Jean Uema, assessor jurídico da liderança do PT no Senado, e ex-chefe de gabinete de Jaques Wagner na Casa Civil no governo Dilma Rousseff.
Lula também poderá anunciar no início desta semana a cantora baiana Margareth Menezes como ministra da Cultura. Mulher negra com amplo trânsito no meio artístico, ela atenderia à demanda por diversidade no primeiro escalão. Na pasta de Direitos Humanos, está bem encaminhada a confirmação do advogado e filósofo Silvio Almeida, também negro, como informou o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”.
Nesta semana, a equipe de transição também acompanha a agenda que definirá o Orçamento de 2023. Ontem, após reunir-se com Lula e com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator da matéria no Congresso Nacional, afirmou a jornalistas que apresentará o relatório ainda nesta segunda.
O parlamentar disse que as áreas da Saúde, Educação e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) serão prioritárias no relatório, elaborado com base no texto da PEC da Transição – que será analisada pela Câmara nesta terça-feira e pode abrir um espaço no teto de gastos para recomposição orçamentária.
Questionado sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o “orçamento secreto”, marcado para quarta-feira, Castro afirmou que isso não deve impactar a PEC da Transição. “Espero que o STF não julgue inconstitucionais as emendas de relator. É uma prerrogativa do Legislativo”, disse.