Ministro militar mais bolsonarista aprova novo ministro da Defesa
Foto: SO Nery
O nome do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro como possível novo ministro da Defesa foi bem recebido por oficiais das três Forças Armadas. A expectativa de oficiais militares é de que ele seja confirmado em breve no cargo pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi essa a percepção do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que afirmou ao Valor que a “possível escolha do ministro José Múcio [para a pasta da Defesa] foi muito bem recebida pelos integrantes do Alto-Comando da Aeronáutica”. Segundo Baptista Júnior, Múcio é uma “pessoa inteligente e ponderada, com que tivemos ótimas relações em suas funções passadas”.
“É possuidor de todos os atributos para ser um ótimo ministro da Defesa”, completou o brigadeiro. Ele pré-agendou a transmissão do comando para o seu futuro sucessor, que ainda não foi anunciado, para o dia 23 de dezembro, uma semana antes de Lula tomar posse, a fim de que o novo time militar já esteja em campo em 1º de janeiro. Os comandantes do Exército e da Marinha não agendaram as datas de suas passagens de cargo.
Na mesma linha de Baptista Júnior, um general da reserva, com trânsito entre autoridades do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), além de parlamentares, disse ao Valor que a eventual escolha de Múcio para o comando da Defesa será “a melhor indicação de um ministro da Defesa desde a criação da pasta” e uma escolha “melhor impossível para fazer uma transição dessas nesse momento delicado”.
Ainda segundo este general, Múcio é “ponderado, tem trânsito nas Forças Armadas, é de fácil trato, é uma pessoa altamente política e conhece muito bem o Orçamento Federal”. Este general lembrou que Bolsonaro chegou a convidar Múcio para assumir uma vaga de ministro. De fato, em novembro de 2020, um mês antes da aposentadoria do ministro do TCU, Bolsonaro fez uma sondagem pública ao antigo colega de Câmara.
O Valor apurou com fontes do governo de transição que partiu do próprio Lula a orientação para que Múcio – que foi seu ministro de Relações Institucionais no segundo mandato – fosse convidado para integrar o gabinete de transição para ajudar na área da Defesa. Coube ao ex-ministro Aloizio Mercadante e à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reunirem-se com ele em um primeiro momento.
Na sequência, Múcio e Mercadante fizeram várias reuniões com oficiais militares, entre ex-comandantes e altos oficiais das três Forças. Na segunda-feira, Múcio esteve com Lula, em uma reunião da qual também participaram Mercadante, o vice eleito Geraldo Alckmin (PSB), o ex-comandante do Exército Enzo Peri, os ex-comandantes da Aeronáutica Juniti Saito e Nivaldo Rossato, o brigadeiro Rui Chagas Mesquita e o general Gonçalves Dias, que cuidou da segurança do petista durante a campanha. Na quarta-feira, Mercadante afirmou que Lula “deverá anunciar em breve os três comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa”.