Aliados dizem que Bolsonaro será preso
Foto: Reprodução
Depois dos atos terroristas praticados por bolsonaristas radicais no domingo em Brasília, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acreditam que seu destino está traçado. Na avaliação desses interlocutores, o ex-chefe do Poder Executivo deve ser tornado inelegível e depois corre também o risco de ser preso.
Além de ser alvo de ações no Judiciário, o ex-presidente também pode se tornar um dos alvos prioritários da comissão parlamentar de inquérito em gestação no Congresso Nacional.
Bolsonaro permanece na Flórida, nos Estados Unidos, onde no domingo foi visto confraternizando com apoiadores, no momento em que as sedes dos Três Poderes eram atacadas por extremistas. Nessa segunda-feira, revelou o colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, ele foi internado em um hospital em Orlando depois de afirmar estar com fortes dores abdominais. Depois de divulgada a notícia, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, publicou nas redes sociais que o marido se encontrava em “observação”, em razão de um “desconforto abdominal” provocado pela facada que levou durante a campanha eleitoral de 2018.
No domingo, Bolsonaro refutou, por meio das redes sociais, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que teria incentivado os atos terroristas realizados contra os Poderes.
Segundo um aliado, a hipótese de que Bolsonaro volte ao Brasil logo depois do carnaval é considerada, agora, improvável. Esperava-se que ele retornasse ao país para liderar um movimento de oposição ao governo Lula.
Outro interlocutor não descartou a possibilidade de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, ser preso. Mas um ex-ministro de Bolsonaro disse, sob condição de anonimato, acreditar que a eventual prisão do ex-presidente pode aumentar o clima de conflagração no país. “Se o Bolsonaro for preso, teremos uma guerra civil no país”, afirmou. Ainda assim, lideranças de partidos que apoiaram Bolsonaro na eleição estão se movimentando para mostrar que as alas radicais do bolsonarismo não terão respaldo político.
Em paralelo, essas lideranças observam a pressão de parlamentares americanos que pretendem provocar a expulsão de Bolsonaro do país. Esse movimento ocorre no momento em que o governo brasileiro troca sua representação na capital americana e parlamentares da base do governo Lula tentam provocar o Itamaraty e o Judiciário em busca da extradição de Bolsonaro.
O Ministério das Relações Exteriores removeu do cargo o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Foster. Fortemente identificado com Bolsonaro, ele foi deslocado para a Secretaria de Estado, em Brasília. Foster ficou com o cargo de embaixador em 2019, após Bolsonaro desistir de indicar para o posto um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O embaixador também era muito próximo de Olavo de Carvalho, guru do ex-presidente, morto há um ano.
Em entrevista coletiva, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que o governo federal não vê, neste momento, elementos suficientes para solicitar a extradição de Bolsonaro.