Ato na USP brada: “Sem Anistia!”

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Foto: Edi Sousa/Ato Press/Agência O Globo

Movimentos sociais alinhados ao governo e organizações da sociedade civil promoveram ontem manifestações em diversos pontos do país condenando os ataques golpistas em Brasília neste domingo e em defesa do sistema democrático. A palavra de ordem principal foi “sem anistia”, uma menção a um pedido de punição para os bolsonaristas radicais que depredaram as sedes dos três Poderes.

Em São Paulo, os atos aconteceram no vão do Masp, na região da avenida Paulista, no fim da tarde, e na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro da cidade, na hora do almoço.

Na Paulista, o protesto foi convocado pelas frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos. Torcidas organizadas dos principais times paulistas, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, também participaram, de acordo com o portal g1.

Até 18h30, os dois sentidos da avenida estavam totalmente ocupados, na altura do Masp. Segundo a SPTrans, 23 linhas de ônibus foram desviadas por conta da manifestação.

No Rio de Janeiro, a concentração foi na Cinelândia. Em Brasília, o ato foi em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo local, e o grito de guerra foi pelo impeachment do governador Ibaneis Rocha (MDB), que está afastado do cargo por determinação do ministro do STF Alexandre Moraes.

No primeiro ato em São Paulo no Salão Nobre da Faculdade de Direito autoridades, professores e muitos alunos e ex-alunos da universidade lotarão o auditório, com capacidade para 800 pessoas sentadas. Pessoas se sentaram ao chão para acompanhar as falas de professores, do reitor da USP e representantes do Ministério Público de São Paulo.

“Não há e nem haverá anistia”, disse o reitor da Universidade de São Paulo, Carlos Gilberto Carlotti Junior, em fala de abertura no ato. Ele teceu duras críticas aos ataques terroristas de ontem em Brasília. “Devemos apoiar o governo federal para que ações semelhantes não aconteçam”, disse. “Estamos aqui para barrar atos maiores contra símbolos da nossa democracia. Os atos de ontem não ficarão impunes. Esses depredadores não passarão, Nossa democracia saíra vitoriosa uma vez mais”, disse.

Ao Valor, a presidente da OAB de São Paulo, Patrícia Vanzolini, definiu como conivência a falta de repressão aos atos, dada “a facilidade que eles foram perpetrados”. A presidente da OAB de SP lembrou a decisão do STF de afastar o governador do DF, Ibaneis Rocha, na madrugada passada.

Ainda de acordo com Vanzolini, o ataque de ontem foi criminoso e não há possibilidade de ele ser acobertados pelo direito à manifestação. Vanzolini disse que ataques de ontem acabaram por mostrar que a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) no passado, em ações como a de bloqueio de conta de empresários investigados no financiamento de fake news, por exemplo, mostraram-se acertadas.

“No passado, elas foram consideradas muito fortes até por integrantes do meio jurídico. Se o que se estava investigando era algo dessa magnitude, as medidas são justificadas”, disse.

Questionada sobre os próximos passos, ela defendeu que é importante garantir o retorno da ordem pública, “efetuando inclusive prisões e apurando os crimes praticados”, disse.

Os atos se assemelham à invasão do Capitólio nos Estados Unidos ocorridos há dois anos. O antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é investigado como um dos incentivadores da invasão. As autoridades dos Estados Unidos avançam com uma forte investigação para identificar todos os participantes do ataque ao Capitólio via reconhecimento facial de imagens. Segundo Vanzolini, seria a rigidez nas investigações é um modelo a ser seguido.

O Supremo determinou ainda a liberação das vias e o fim dos acampamentos em frente a quartéis em todo o Brasil. “Com o exemplo trágico de Brasília, o governador de São Paulo tem de antemão uma obrigação moral e jurídica de assumir controle das forças e impedir que o mesmo aconteça aqui”, disse. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse na manhã de segunda-feira que a desmobilização dos acampamentos e dos pontos de bloqueio no Estado devem ser feitos nesta terça-feira.

No Rio, a manifestação foi afetada pela chuva. Um grupo de manifestantes ocupou o trecho em frente à Câmara de Vereadores do Rio, na Cinelândia, centro da cidade, em protesto a favor da democracia. A principal pauta novamente foi a não concessão de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os manifestantes entoaram gritos de “sem anistia” e “fascistas não passarão”. As escadarias do Palácio Pedro Ernesto, sede do legislativo municipal, também foram tomadas pelo protesto, que começou às 18h.

Uma faixa exibida pelos organizadores pedia ainda a punição de Bolsonaro e seus familiares. Outro cartaz protestava contra a “ultra direita golpista”.

Representantes de entidades de classe fizeram discursos contrários às manifestações antidemocráticas e de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um carro de som. A extradição de Bolsonaro, que está em Orlando, nos Estados Unidos, também foi uma das reivindicações.

Valor Econômico