Bolsonaro pagou por cercadinhos de “apoiadores”
Foto: Reprodução
Parte dessas estruturas para reunir apoiadores foi montada em locais sem relação com agendas oficiais de Bolsonaro, como nas portas de aeroportos e bases militares em que ele estava hospedado.
Foram gastos R$ 44.364,59 em ao menos nove cercadinhos, como ficaram conhecidos os gradis onde Bolsonaro cumprimentava apoiadores e fazia selfies com eles.
Os gastos foram identificados pelo UOL após a suspensão do sigilo de notas fiscais pagas com cartões corporativos da Presidência da República.
As despesas com cercadinhos concentram-se em fevereiro de 2021—um dos períodos mais letais da pandemia. Nessas ocasiões, Bolsonaro provocou aglomerações sem uso de máscara de proteção.
Ainda não é possível saber o número exato das despesas, uma vez que lotes de notas fiscais ainda estão sendo digitalizados. A queda do sigilo foi obtida pela agência Fiquem Sabendo —especializada em LAI (Lei de Acesso à Informação).
Entre 12 e 17 de fevereiro, Bolsonaro gastou R$ 12.040 com o aluguel de grades para um cercadinho montado em frente ao Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul (SC), onde passou férias com a família. A presidência desembolsou o dinheiro para que Bolsonaro pudesse fazer corpo a corpo com apoiadores —com um tom notadamente eleitoral (vídeo abaixo).
Foram alugados 860 m de gradis em um período em que o ex-presidente não tinha agenda oficial.
Nessas férias, Bolsonaro usou uma moto aquática da Marinha para fazer passeios pelo litoral da região, visitou o parque temático Beto Carrero World e participou de pescarias.
Entre 18 e 26 de fevereiro de 2021, foram montados ao menos seis cercadinhos em viagens.
Quatro dessas estruturas para apoiadores foram montadas em frente a aeroportos onde Bolsonaro pousou para ir a agendas e só serviram para que o presidente confraternizasse com seus seguidores. São elas:
Campina Grande (PB), em 19 de fevereiro, a um custo de R$ 10.100;
Foz do Iguaçu (PR), em 25 de fevereiro, por R$ 1.950;
Parnaíba (PI), em 26 de fevereiro, custando R$ 7.624 (veja vídeo abaixo).
Nos casos de Campina Grande e Parnaíba, as agendas oficiais foram realizadas em outros municípios. Já em Foz do Iguaçu, ele partiu para um evento fechado na sede de Furnas.
Outro cercadinho foi montado em Sorocaba (SP), em 25 de junho de 2021, na frente do aeroporto, onde Bolsonaro cumprimentou apoiadores. Para essa estrutura, foram gastos R$ 1.500.
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Em outros casos, foram montados cercadinhos na porta de locais onde Bolsonaro participaria de agendas oficiais.
Em 4 de fevereiro de 2021, o então presidente inaugurou um centro esportivo em Cascavel, no Paraná. Na entrada do local, parou para falar com militantes bolsonaristas que esperavam no cercadinho.
No Ceará, em um mesmo dia (25 de fevereiro), foram montados dois cercadinhos onde Bolsonaro interagiu com apoiadores nas cidades de Caucaia e Tianguá. Essas estruturas custaram R$ 4.350,59.
Na ocasião, ele assinou termo para realização de obra viária e visitou uma rodovia.
Em 18 de fevereiro daquele ano, em Campinas, uma estrutura gradeada foi montada em frente à Escola Preparatória de Cadetes do Exército, onde o então presidente participou de cerimônia de formação de turma de militares. O custo desses gradis foi de R$ 4.400.
Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil no final do ano passado, não foi localizado para comentar as despesas dos cartões corporativos do seu governo. O espaço segue aberto.