Carnaval do Rio vai detonar Bolsonaro
Foto: André Mello/ Editoria de Arte
Zeca Pagodinho, Maria Felipa, Mestre Moa do Katendê, Rosa Maria Egipcíaca, Lampião, Arlindo Cruz, Maria Quitéria, Mestre Vitalino e Maria Bonita vão passar na Sapucaí em 2023, desenhando um Brasil progressista e questionador. Os criadores da nossa maior festa popular celebrarão a virada dos ventos de Brasília, enquanto recontam com espírito crítico a história do país.
“E foi-se então, adeus capitão! / No estouro do pipoco/ Rola o quengo do caboclo/ A sete palmos desse chão”, canta a Imperatriz Leopoldinense, em seu refrão. O enredo de Leandro Vieira delira, a partir de cordel sobre Lampião e Maria Bonita, com a saga do casal após a morte. O duplo sentido encaixado no samba expressa sentimento presente em todas as escolas.
As noites de 19 e 20 de fevereiro na Sapucaí exaltarão o Brasil popular. A conexão com o poder recém-empossado está na Mangueira, dona de um dos grandes sambas do ano, sobre o carnaval da Bahia, que tem a participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, na gravação. Ela também está confirmada no desfile.
Haverá ainda o “subversivo Beija-Flor das multidões”, verso do hino da escola, que reescreve a história da Independência. “Ordem é o mito do descaso/ Que desconheço desde os tempos de Cabral/ A lida, um canto, o direito/ Por aqui o preconceito tem conceito estrutural/ Pela mátria soberana, eis o povo no poder/ São Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ter”, clama o incendiário samba nilopolitano. Como se diz hoje em dia: “Entendedores, entenderão”