Exército e PM travam jogo de empurra sobre invasão
Foto: Jornal de Brasília
Uma guerra travada por meio de vídeos opõe a Polícia Militar do Distrito Federal e militares do Exército. Tudo gira em torno da disputa por narrativas sobre o papel de cada tropa na retomada do Palácio do Planalto, invadido por vândalos que destruíram parte das dependências da sede do Executivo, no domingo, em Brasília.
O mais novo lance da disputa foi o surgimento de um vídeo feito por militares do Exército que mostra o momento em que um policial militar da Tropa de Choque do DF dá uma rasteira em uma mulher que dizia estar passando mal. Ela estava entre os detidos no segundo andar do Palácio do Planalto.
Por volta das 17 horas, homens de preto do Choque entraram no pavimento. Um grupo de extremistas retirado do terceiro e do quarto andares pela tropa do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), do Exército, – todos com equipamento de controle de distúrbios civis – estava de pé. Foi quando um militar do BGP filmou a cena com seu celular. É a este vídeo que o Estadão teve acesso.
Em meio ao alvoroço, uma voz de comando de um PM se faz ouvir: “Senta! Senta todo mundo!” Os extremistas hesitam por alguns instantes até que a mesma voz dá uma nova ordem: “Cala a boca! Cala a boca! Ninguém fala aqui!” Nesse momento, o PM diz: “Acabou, acabou a brincadeira!”
É quando uma mulher se levanta cambaleante. “Tem uma mulher que está passando mal aqui”, alerta um soldado. Quando ela se aproxima, o comandante ordena aos subordinados: “Algema. Vai algemada”. De imediato, um PM dá uma rasteira na mulher, que é jogada no chão, diante dos gritos de protestos dos demais detidos, que pedem ajuda ao Exército – um oficial do BGP vai conversar com os PMs.
A cena dura cerca de 1 minuto e 30 segundos. O vídeo foi divulgado depois que PMs publicaram outro vídeo em que o coronel Paulo Jorge Fernandes, comandante do BGP, é contido por um PM. Na interpretação dos PMs, o oficial tentava permitir a fuga dos extremistas detidos.
Na versão do Exército, o vídeo que mostra o coronel foi editado para comprometer o oficial, que apenas tentaria conter excessos nas prisões. Na versão dos PMs, os militares do Exército estavam desorientados. O Comando Militar do Planalto abriu inquérito policial militar (IPM) para apurar a ação do BGP na retomada do Palácio do Palácio.