Golpistas tinham código para falar do golpe

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Foto: Gabriela Biló /Folhapress

“Festa da Selma”. Essa foi a expressão usada pelos vândalos ao convocar indivíduos para os atos antidemocráticos registrados neste domingo (8) em Brasília. Ela ajudou os criminosos que invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto a driblar qualquer monitoramento referente à segurança da capital federal feito de forma automática por forças policiais, judiciais e inclusive pelas plataformas de redes sociais.

Um levantamento feito pela Palver, empresa que monitora 17 mil grupos públicos que falam sobre política nacional no WhatsApp, mostrou que a expressão “festa da Selma” começou a ser usada para convocar atos em Brasília no dia 27 de dezembro e que teve seu pico em 2 de janeiro.

A mesma expressão também aparece em postagens de Twitter, Tiktok e Facebook, mostrando um certo grau de organização dos convocantes.

No Twitter, publicações citando a “festa da semana” começaram a aparecer na última quinta-feira (5). Um vídeo postado por diversos usuários falava sobre o que seria necessário para que a “festa” acontecesse.

“Tem que ter açúcar união, tem que ser esse açúcar união, porque tava fazendo com outro tipo de açúcar, não dá certo. Tem que ter organização, que vai começar agora sábado, que é a pré festa da Selma. E na hora da festa a gente tem que ter cinco espigas de milho, cinco milho (sic) para a festa ser um sucesso”, afirma um homem que não foi identificado na gravação.

No Tiktok, os criminosos usaram a linguagem descontraída da ferramenta para convocar para a “festa da Selma”. Até as 19h25 deste domingo (8), um vídeo postado no dia 5 de janeiro chamando para a suposta celebração já tinha 11 mil curtidas e havia sido republicado no Twitter e Instagram.

O Facebook não ficou para trás. Desde a última sexta-feira, a rede abriga uma série de publicações com a expressão “festa da Selma”. Em um dos vídeos que viralizou nessa plataforma, um homem escreve “bora pra festa da SELMA” mostra um suposto cartaz das Forças Armadas convocando manifestantes, militares da ativa e reservistas a realizarem atos na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023.

No Instagram, as publicações com o termo “festa da selma” começaram já na quinta-feira (5). Algumas publicações traziam orientações sobre como fazer o “bolo” da festa — conteúdo semelhante ao que foi compartilhado em vídeo em outras redes sociais.

Outras publicações que começaram a ser compartilhadas na rede utilizando a hashtag “#festadaselma”, falam em promover uma “greve geral” e invasão do Congresso Nacional nos dias 6, 7, 8 e 9 de janeiro de 2023.

No YouTube, algumas publicações começaram a circular na quinta-feira (5). Na data, um perfil chegou a publicar um vídeo citando que haveria uma “grande festa em Brasília” e orientações sobre o que era permitido ou não para participar. É citado, por exemplo, que o evento seria para “patriotas” e proibido para menores de idade, idosos e pessoas com antecedente criminal.

Outro vídeo, publicado pelo mesmo canal no sábado (7), falava diretamente sobre “festa da selma”. Usando os mesmos códigos utilizados em outras publicações, cita uma receita de bolo com “milhões”, em alusão às pessoas que participariam e que seria necessário contratar centenas de caminhões para “levar tudo isso”.

Folha