Afastamento de Bretas enterra Lava Jato
Foto: O Antagonista
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) alvejou nesta terça-feira um dos pilares da Lava Jato. O juiz Marcelo Bretas, responsável pelos processos da operação no Rio, foi afastado das atividades e responderá a três processos administrativos por desvio de conduta. Antes de Bretas, sofreram revezes judiciais o procurador que comandou as investigações em Curitiba, Deltan Dallagnol, e o juiz Sergio Moro. Ambos encontraram na política um plano B: se elegeram no ano passado deputado federal e senador, respectivamente.
O nome de Bretas chegou a ser aventado nas eleições do ano passado por bolsonaristas, mas o juiz negou qualquer intenção de entrar para a política. Agora fora da magistratura, ainda que temporariamente, se o juiz quiser mudar de ideia, terá de esperar as eleições municipais de 2024. Bretas ganhou fama quando ordenou a prisão do ex-governador Sérgio Cabral em 2016. Agora, será investigado pelo CNJ.
O caso mais rumoroso veio da delação do advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, que o acusou de combinar estratégias com advogados e o Ministério Público em processos da Lava Jato. Em 2021, o STF declarou que Moro conduziu de forma parcial processos contra Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato. A conduta do ex-juiz guarda semelhança com a de Bretas. Dallagnol, por sua vez, foi punido pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) em 2020 porque postou no Twitter mensagens contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) em 2019. O então procurador era investigado na Lava Jato.
Com quase 433 mil seguidores no Twitter, Bretas tem usado pouco a rede social. Sua última aparição foi em 12 de janeiro, quando compartilhou uma postagem do jurista bolsonarista Ives Gandra Martins: “Por mais que os outros te façam mal, te traiam, mesmo entre os que mais tu confias, se mantiveres a serenidade e a confiança em Deus, tudo superarás e poderás crescer mais do que se nada te acontecesse”. Bretas comentou: “Verdadeiro”. Se Bretas for condenado pelo CNJ ao fim dos processos, poderá sofrer punição que varia de advertência a aposentadoria compulsória.