Bolsomínion do BC “afina” e “pede água” a Lula
Foto: Agência Brasil
Integrantes do primeiro escalão do governo Lula buscam fazer uma espécie de “freio de arrumação” nas críticas direcionadas ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A ideia é que ministros e também o presidente Lula sigam com tom elevado sobre a taxa de juros praticada pelo BC, mas que descolem as críticas de Campos Neto.
Ministros do governo ouvidos pela coluna afirmam que os ataques ao presidente do Banco Central podem “vitimizá-lo” e “aumentar sua importância”, à medida que foi citado pelo próprio presidente da República. A leitura desses integrantes do governo é que a crítica aos juros altos é importante e tem eco na sociedade, mas que personificar o debate na figura de Campos Neto não traz ganhos.
Lula tem recebido apelos para desvincular suas falas do presidente do Banco Central. Antes de Campos Neto conceder entrevista à Vera Magalhães, no “Roda Vida”, da TV Cultura, na noite de segunda-feira, membros do governo pediram ao presidente que não entrasse em rota de colisão com o economista e que evitasse comentários sobre a participação dele no programa. O presidente também foi aconselhado a não levar personificações para seu discurso em celebração dos 43 anos do PT, na noite de ontem. Lula não abordou o tema no evento.
Campos Neto aproveitou o “Roda Viva” para acenar, publicamente, uma bandeira branca ao governo, tentar abrir diálogo com o presidente Lula e se descolar da imagem de bolsonarista.
Nesta segunda-feira, o diretório nacional do PT aprovou uma resolução na qual orienta as suas bancadas a convocarem Campos Neto a dar explicações ao Congresso sobre a taxa de juros no Brasil. Parlamentares do partido avaliam, porém, que não há ambiente para que o PT abrace bandeiras que peçam a exoneração do presidente do Banco Central. Gleisi, no entanto, chegou a dizer ao jornal Folha de S. Paulo que, “mesmo tendo um mandato, ninguém é imexível”.