Bolsonaro e Zambelli: não há honra entre ladrões

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Eduardo Guimarães

Como dizem os ingleses sobre ladrão que rouba ladrão, “Não existe honra entre ladrões”. O dito popular anglo-saxônico cai como uma luva para ilustrar o que Bolsonaro está descobrindo após perder o poder e todos os bajuladores que em torno dele se aglutinam.

A burrice extrema de Bolsonaro o impediu de enxergar que toda a louvação que recebeu desde que o interminável ano de 2013 ressuscitou a extrema-direita no Brasil não era real; era, tão somente, produto do interesse imediato nas vantagens que a tal “caneta BIC” poderia proporcionar.

Eis que, nessa queda no reino da realidade, Bolsonaro assiste a traições mais ou menos escancaradas. Dentre elas, as de Tarcísio de Freitas, Carla Zambelli, Otoni de Paula… A lista de “traidores” é extensa.

Os aliados de Tarcísio podem argumentar que, como acaba de lembrar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, governador não sobrevive sem apoio do presidente da República. Contudo, o que justifica a postura ultrapragmática de Carla Zambelli ante o evidente acordo que fez com Alexandre de Moraes?

Salvar o próprio pescoço é a resposta. E, convenhamos, passar para o lado oposto ao de Bolsonaro não é só a postura mínima exigível de qualquer pessoa dotada de pelo menos um solitário neurônio; é instinto de autopreservação.

Alexandre de Moraes devolveu as redes sociais de Carla Zambelli, que, espertamente, criticou Bolsonaro por abandonar a direitalha e insinuou que há motívos para ele ser preso. E que uma delação premiada não está fora de cogitação, já que ela certamente participou do complô do Oito de Janeiro, já que pedia golpe na antevéspera da tentativa de golpe.

O que Zambelli vai delatar? Apenas que Bolsonaro é o mentor intelectual de uma tentativa de golpe militar no Brasil. Com isso, os “senhores generais” aos quais se referiu em seu pedido videográfico de golpe certamente por ela serão delatados, junto ao ex-mito.

Como eu sempre apregoei, apesar das tragédias humanitárias, sociais, culturais, democráticas que a volta da direita ao poder provocaria, esse replay do atraso serviria para mostrar aos brasileiros o que é ser governado pelos extremistas dessa ideologia, tais como Jair Bolsonaro e, em certa medida, até Michel Temer.

Não é preciso nem atacar a extrema-direita. Ela sempre governa como governou sua ditadura versão tupiniquim (1964-1985): tirando dos pobres para dar aos ricos.

Portanto, as direitas serão, sempre, as piores inimigas de si. Basta deixá-las governar que acabarão afastadas do poder por muito tempo após aquela breve governança. Deixando, em seu caminho nefasto, um rastro de destruição, estupidez, sofrimento e (muito) sangue.

Redação