Brasil tem risco de “epidemia” de despejos de famílias inteiras
Foto: Ricardo Matsukawa/VEJA.com
O número de famílias ameaçadas de despejo cresceu de 132.291 para 200.323 desde fevereiro do ano passado. De acordo com o Mapeamento Nacional dos Conflitos pela Terra e Moradia, o Estado com maior número de famílias em vulnerabilidade habitacional é São Paulo (63.424), seguido por Amazonas (29.659) e Pernambuco (21.303). “O despejo é devastador para as famílias, especialmente para mulheres, crianças e pessoas idosas. Desde o momento da ameaça, quando acontece o medo de ser despejado, além do trauma de um despejo violento, até às violações de direito enfrentadas por não ter onde morar”, disse Raquel Ludermir, uma das responsáveis pelo estudo. “A moradia é porta de entrada para uma série de direitos básicos. Sem teto e sem comprovante de residência, as crianças não conseguem ter acesso à escola e aos serviços de saúde e lazer, enquanto as pessoas idosas sofrem por questões identitárias e pelos laços afetivos criados com o território”, acrescentou. O levantamento iniciou em junho de 2020 e, desde lá, identificou mais de 36.500 grupos familiares que foram vítimas de despejo.Além das famílias ameaçadas de despejo, o levantamento mostra também que o país tem mais de 1.115 conflitos envolvendo disputas por terra e moradia. O Mapeamento é produzido pela Campanha Despejo Zero.