CPI sobre golpistas bomba na Câmara Distrital do DF
Foto: Valter Camargo/Agência Brasil
Enquanto a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro patina no Congresso Nacional, a realidade na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) é bem diferente. A CPI distrital foi aprovada de forma unânime, assinada por todos os 24 deputados distritais, e começou em 18 de janeiro. Além do terrorismo no dia 8, a comissão vai investigar os atentados ocorridos no dia 12 de dezembro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diplomado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente é o petista Chico Vigilante e o relator é João Hermeto, do MDB, o partido do governador afastado Ibaneis Rocha.
Na primeira reunião do colegiado, no dia 14 de fevereiro, a CPI aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático e convocação do ex-secretário de segurança e ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, Anderson Torres. A oitiva está marcada para o próximo dia 9. Torres está preso desde 14 de janeiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Fernando de Souza Oliveira, secretário-executivo da pasta no dia dos atos será o primeiro a depor, no dia 2 de março. No dia 16, a CPI ouvirá os coronéis Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. Naime, então comandante do Departamento Operacional de Polícia Militar (PM), está preso acusado de retardar a ação da PM na data dos atentados. Para o dia 23 estão marcados os depoimentos de Júlio de Souza Danilo, secretário de Segurança até dezembro do ano passado, e o tenente-coronel da Polícia Militar do DF Jorge Henrique da Silva Pinto. A última oitiva, marcada para o dia 30, será a do ex-comandante da PM-DF Fábio Augusto Vieira.
Segundo Vigilante, o principal objetivo será chegar aos financiadores dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. “Pretendemos fazer um trabalho de investigação real para chegar nos financiadores. Vamos buscar empresários que tenham financiado esses atos aqui no Distrito Federal”, disse. Ele destacou que muito dos detidos receberam auxílio emergencial e não teriam condições de viajar à capital federal por conta própria. “Dos que estão presos, metade recebeu o Auxílio Brasil. Então, como eles chegaram aqui? Quem trouxe eles?”, questionou.
Já o relator acredita que a CPI deve focar em “individualizar as condutas”. “O objetivo maior é individualizar as condutas no ocorrido do dia 8 e o que antecedeu também, para que a gente não generalize”, disse Hermeto.
Indagado sobre a diferença de posição dos parlamentares petistas no Congresso Nacional quanto a uma CPI, Vigilante disse que conversou com Lula no evento de aniversário do PT no dia 13 de fevereiro e que o presidente não tocou no assunto CPI. O deputado disse ainda que é a favor de uma comissão no Congresso Nacional, mas reconhece que isso pode atrapalhar a vida do governo no Legislativo.