Deputado bolsonarista assume usando tornozeleira
Foto: Cristiano Mariz/
Investigado no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como Zé Trovão, assume nesta quarta-feira uma cadeira na Câmara de Deputados. O bolsonarista chegou a ser preso em 2021, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, sob acusação de ter sido um dos idealizadores de manifestações de teor golpista ocorridas no Sete de Setembro daquele ano.
Como a investigação da qual Zé Trovão é alvo já corre no STF, a quem cabe julgar casos de autoridades com foro privilegiado, entre elas parlamentares, as acusações contra ele seguirão tramitando na Suprema Corte. Por não ter condenações, o ativista e agora deputado federal pôde disputar a eleição normalmente, assim como não enfrenta restrições para tomar posse na Câmara.
Durante a campanha, Zé Trovão estava usando tornozeleira eletrônica e encontrava-se impedido de utilizar as redes sociais. As restrições foram impostas por Moraes depois que o bolsonarista deixou a cadeia, em dezembro de 2021, após cerca de dois meses atrás das grades — antes do monitoramento, ele também ficou um período em prisão domiciliar. Até se entregar à Polícia Federal, em outubro de 2021, ele passou 40 dias foragido no México.
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Eleito pelo PL, mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zé Trovão foi diplomado deputado em dezembro do ano passado, no Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), ainda utilizando a tornozeleira. Ele recebeu pouco mais de 70 mil votos.
No dia seguinte ao primeiro turno do pleito, a defesa do ativista apresentou ao STF uma petição em que solicitava a flexibilização das medidas cautelares relativas ao caminhoneiro. Na ocasião, os advogados emitiram uma nota na qual argumentavam que a revisão das determinações seriam necessárias “em respeito à vontade popular (…), para que (ele) possa livremente exercer seu mandato”.
O processo contra Zé Trovão corre em sigilo, então não é possível consultar o andamento da ação. No entanto, não há notícias de que o pleito da defesa do deputado eleito tenha sido aceito. Assim, ele deve apresentar-se mais uma vez em público com a tornozeleira eletrônica para tomar posse na Câmara Federal.