Do Val e Bolsonaro usam Silveira para se safar
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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) prestou um depoimento de cerca de quatro horas à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira sobre a reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em que teria sido proposto ao senador um plano golpista.
Após deixar da PF, ele reafirmou que Bolsonaro ficou em silêncio durante a reunião. O senador reforçou a versão segundo a qual Silveira seria responsável por arquitetar o plano que envolvia uma tentativa de gravar uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para tentar obter provas que pudessem levar à anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022.
— O Daniel (Silveira) que puxou o assunto. A ideia dele era que pudesse resolver um problema dele e do presidente — disse o senador. — Era uma insistência do Daniel.
Val afirmou que Bolsonaro disse apenas que aguardava sua resposta sobre a proposta de gravação.
— A única coisa que o presidente diz… Na hora que eu disse o seguinte “olha, não vou dar a resposta agora, vou pensar sobre isso”. Porque eu já estava pensando que precisava reportar isso ao ministro Alexandre. E disse “me dá uns dois dias para eu dar a resposta”. Aí ele (Bolsonaro) falou “tá bom, nós aguardamos” — disse o senador.
Silveira foi preso nesta quinta por ordem do STF em razão do descumprimento de medidas cautelares também definidas pelo tribunal, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais.
Desde a madrugada de quarta-feira, Marcos do Val apresentou diversas versões sobre o episódio. Em uma live com integrantes do MBL, ele afirmou que foi Bolsonaro quem o coagiu a “dar um golpe junto com ele” e disse que esse conteúdo seria divulgado pela revista “Veja” na sexta-feira.
Depois de depor, Do Val afirmou que falou em coação por um “excesso” e que não fez um desabafo sincero na transmissão.
Marcos do Val reforçou que o encontro foi no Palácio da Alvorada. Nas primeiras versões, ele chegou a dizer que havia sido na Granja do Torto, mas afirmou ter feito confusão por não conhecer a residência oficial do presidente.
Também disse que foi levado ao local em um carro da Presidência da República, mas que não seria o veículo principal de Bolsonaro na época. E também rechaçou que tenha ouvido sobre a participação do GSI ou da Abin no episódio. Segundo ele, a citação ao GSI em uma versão anterior teria sido pois ele “deduziu” isso ao ouvir a palavra “inteligência”.