Governo pressiona governador de Roraima a expulsar garimpeiros
Foto: ISA/HAY
Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram nesta segunda-feira (6) com o governador de Roraima, Antônio Denarium, no Palácio do Planalto, em Brasília, para discutir a retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami.
Participaram, além de Denarium, os ministros:
Rui Costa, da Casa Civil;
Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública;
e José Múcio, da Defesa.
O senador Hiran Gonçalves (PP-RR) também esteve na reunião. Após o encontro, as autoridades não falaram com a imprensa.
A operação de retirada dos garimpeiros deve durar vários meses – com a participação de mais de 500 policiais federais, da Força Nacional e de militares das Forças Armadas. Ações assistenciais para os indígenas e para os garimpeiros ilegais também foram discutidas.
O governo estuda formas de viabilizar alternativas de renda para os garimpeiros, para evitar novas invasões no território e para tentar desmobilizar possíveis reações hostis durante a operação.
Nesta terça-feira (7), o governo deve realizar uma nova reunião. Desta vez, outros ministérios, como o de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e o de Povos Originários, vão participar.
A ideia é aprofundar o debate sobre as políticas sociais que deverão ser implementadas no território Yanomami ao longo dos próximos meses.
O processo começou com o fechamento do espaço aéreo da reserva indígena, na semana passada. A ação provocou a fuga de milhares de garimpeiros. Agora, o governo vai iniciar uma nova etapa.
Até esta terça-feira (7), 100 homens da Força Nacional vão desembarcar em Roraima para proteger as bases da Funai e os 68 postos de atendimento médico dentro do território indígena.
Já na quarta-feira (8), José Múcio e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica vão a Roraima finalizar o plano de atuação das Forças Armadas.
O governo considera que cerca de 15 mil pessoas estejam na Terra Yanomami em função do garimpo ilegal. Associações de indígenas calculam que esse número pode passar de 20 mil.
Para Márcio Astrini, coordenador da organização ambiental Observatório do Clima, não basta o governo expulsar garimpeiros da Terra Indígena.
Sem uma política social para a região amazônica e alternativas de desenvolvimento econômico sustentável, argumenta Astrini, os garimpeiros retirados de uma área vão acabar migrando para outra e levando os mesmos problemas: contaminação de rios com mercúrio, disseminação de doenças desconhecidas para os indígenas e desmatamento.
“Se nada for feito, se a gente não tiver alternativas de renda para essas pessoas, elas vão voltar. Ou elas vão voltar para as regiões que elas acabaram de invadir, que elas estão sendo expulsas ou elas vão acabar invadindo outras áreas e a gente vai ficar numa situação de enxugar gelo, e de nunca dar uma solução concreta para o problema que nós estamos vendo”, afirmou Astrini ao Jornal Nacional.
“A Amazônia precisa de outras formas de geração de renda para sua população. Não mais a renda do desmatamento, não mais a renda das destruição, mas a renda da floresta em pé”, completou.