Lula mantém ligação full time com eleitorado
Foto: Reprodução/YouTube/TvPT
Antes de completar cem dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer estrear um programa semanal nas redes sociais, em formato de podcast, na tentativa de estabelecer um canal direto de comunicação com o público. A primeira sugestão dada a Lula foi a de fazer uma live, mas ministros políticos são contra, sob o argumento de que pareceria uma cópia da estratégia usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi então que surgiu a proposta do podcast.
Se tudo seguir como o roteiro traçado, e nada atrasar, a ideia em discussão no Palácio do Planalto prevê que até o fim de março Lula apareça todo início de semana em um programa nas plataformas digitais.
O estilo será dinâmico: o plano não é apresentar o presidente sentado atrás de uma mesa para comentar assuntos e criticar a imprensa, como fazia Bolsonaro, mas, sim, mostrar cenas do seu cotidiano.
Lula vai aparecer ora em conversas com ministros, ora em tête-à-tête com deputados, senadores e outros personagens. Será garoto-propaganda de projetos do governo e pretende até mesmo entrevistar beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, do Bolsa Família e do Microempreendedor Individual (MEI). Nos dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010, ele tinha um programa de rádio chapa-branca batizado de Café com o Presidente.
Diante de um cenário de dificuldades na economia, briga com o Banco Central para baixar os juros e cotoveladas do Centrão por mais regalias, em troca da aprovação de propostas cruciais, como a reforma tributária, Lula corre contra o tempo. Até hoje sem novas marcas para apresentar nos primeiros cem dias, aposta na retomada dos investimentos públicos e da política externa e busca apoio da classe média.
Mas ainda há uma dúvida no horizonte: o governo que vai prevalecer é o que rima distribuição de renda com responsabilidade fiscal ou aquele que “frita” o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?
Dizem que o ano só começa depois do carnaval. Espera-se agora que, após uma temporada marcada por ataques golpistas, crise Yanomami, queda de braço com o Banco Central e tragédia no litoral norte, frases como “Acabou a eleição” e “Estamos juntos” – proferidas por Lula ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas –, não se dissipem nesta Quarta-Feira de Cinzas.