Mourão jura que não fala com Bolsonaro
Foto: Romério Cunha/VPR
Ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que não mantém mais contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que a última vez que eles se comunicaram foi no final de 2022, por mensagens trocadas no WhatsApp, quando o então chefe do Executivo abandonou o país e foi para os Estados Unidos.
No UOL Entrevista de hoje (24), o agora senador disse que não seria “ético” para ele avaliar se foi correta ou não a conduta de Bolsonaro em deixar o Brasil antes do fim de seu mandato, devido ao fato de ter sido seu vice por quatro anos.
Não falamos mais. Último contato foi quando ele estava indo para o aeroporto, me mandou uma mensagem por WhatsApp, me pedindo para assinar uns decretos. Depois fui execrado, mas assinei dentro da lealdade que caracteriza o cargo.”
Hamilton Mourão também disse que é “possível” que Jair Bolsonaro seja preso por possíveis crimes que tenha cometido em seu governo, devido aos vários inquéritos que tramitam contra ele na Justiça. Porém, o parlamentar ressaltou que isso seja “pouco provável” de acontecer.
É possível Bolsonaro ser preso. Ele responde a tantos inquéritos, que pode também se tornar inelegível. Isso é possível, mas não acho provável.”
Ao falar sobre os atos de vandalismo praticados por radicais bolsonaristas em 8 de janeiro em Brasília, Mourão disse ser “prematuro” responsabilizar Bolsonaro pelas cenas. Para ele, é necessária a instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar o ocorrido e punir os responsáveis.
“Não acho que o presidente tenha sido o grande indutor [dos atos de vandalismo]. Acho que é prematuro chegar e dizer que o presidente tem responsabilidade. [Foi] uma manifestação que não tinha liderança, sem carro de som para orientar os manifestantes… Era uma manifestação pequena quando comparada com outras que houveram, mas houve falha do aparato de segurança de impedir o vandalismo que ocorreu”, declarou.
Mourão endossa a lista de parlamentares que assinaram uma proposta de CPMI do deputado federal André Fernandes (PL-CE). Segundo o político cearense, ele já obteve o número mínimo de assinaturas dos senadores e busca agora as assinaturas dos deputados.
Fernandes, vale ressaltar, é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal),a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), por incitar os atos antidemocráticos nas redes sociais.
Hamilton Mourão também destacou que, caso o Exército tivesse permitido a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista na noite de 8 de janeiro, após os vândalos bolsonaristas terem depredado as sedes dos Três Poderes, teria ocorrido um “banho de sangue”.
Em relação a impedir a entrada naquela noite, em 8 de janeiro, seria um banho de sangue, por uma razão muito simples: As forças da segurança pública estavam com os olhos injetados. Por quê? Porque durante a arruaça que aconteceu, houveram (sic) agressões a policiais militares, então a turma queria revidar.”
Na noite de 8/1, após as cenas de terrorismo praticadas por bolsonaristas em Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal foi desmantelar o acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército na capital, mas os soldados fizeram uma barreira para impedir a ação dos policiais. Os golpistas foram dispersados na segunda (9/1).
Hamilton Mourão disse que vai se reunir com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, para pedir à ministra que acelere os processos contra os presos por participação nos atos de vandalismo que depredaram as sedes dos Poderes da República em 8 de janeiro.
“Estamos muito preocupados com a situação das pessoas que estão presas desde 9 de janeiro. Consideramos que tem muita gente que está ali que cometeu, vamos dizer assim, não é nem crime, cometeu ilegalidade, por exemplo, participou da marcha, entrou no Palácio ´[do Planalto], mas não quebrou nada”, iniciou.
“Vamos pedir para agilizar os processos dessas pessoas, separar o joio do trigo, e essas pessoas que paguem multa, cestas básicas, paguem serviços comunitários, para pessoas que invadiram o patrimônio público, mas não quebraram”, completou.