Postura de Bretas que levou a cassação
Foto: Ana Branco/Infoglobo
Afastado do cargo nesta terça-feira, o juiz Marcelo Bretas não chamou atenção apenas pelos rumorosos casos da Lava-Jato no Rio de Janeiro que julgou nos últimos anos. Afeito aos holofotes, o magistrado acumulou controvérsias e polêmicas também fora dos tribunais. Alvo de três reclamações disciplinares por sua conduta, Bretas agora irá responder um processo administrativo disciplinar (PAD).
Na semana anterior a seu julgamento no CNJ, Bretas publicou uma foto em seu perfil pessoal no Instagram ao lado do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Porém, dias depois, ele apagou a postagem. Entre as alegações que foram julgadas em seu afastamento estava justamente um possível comportamento impróprio com políticos.
Em 2020, o juiz participou de uma inauguração de obra pública ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos). A presença no ato político lhe rendeu uma pena de censura, aplicada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Em seu Twitter, ele justificou o caso dizendo que sua presença na cerimônia não comprometia a independência entre os Poderes , mas expressava “harmonia” entre as instituições.
Apesar de existir uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) proibindo o pagamento de duas cotas de auxílio-moradia a casais que morem sob o mesmo teto, Bretas e sua esposa, a também juíza Simone Diniz, conseguiram judicialmente o direito a receber a verba. Com os R$ 4,3 mil de cada um, o casal passou a receber um total de R$ 8,6 mil mensais do benefício.
Em 2018, quando abriu uma conta no Twitter, Bretas publicou uma imagem em que segurava um fuzil. A foto era registrou o magistrado participando de um treinamento de tiro.
Após o ex-presidente Bolsonaro provocar polêmica em uma transmissão ao vivo nas redes sociais defendendo o trabalho infantil, Bretas fez um relato pessoal contando ter trabalhado quando criança e dizendo que aquilo havia sido uma experiência boa em sua vida.
“Aos 12 anos de idade, em 1982, com minha CTPS assinada, comecei a trabalhar numa pequena loja da família. Tinha jornada e tarefas a cumprir, e aprendi desde cedo o valor de receber um salário (mínimo) após 1 mês de trabalho. Tenho muito orgulho disso!”, postou o juiz.