PT vai combater privataria da Sabesp
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
O deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP) pretende recriar uma nova frente parlamentar, a partir de 15 de março, data do início da próxima legislatura, para bater de frente com o projeto de privatização da Sabesp, encabeçado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Aliado histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Emídio, que teve seu nome cogitado para integrar um ministério na gestão do petista em Brasília, afirma que, ao contrário do que diz o governo estadual, a tarifa de água não vai cair se a empresa for vendida, como promete o sucessor de Rodrigo Garcia (PSDB). “É a maior empresa de saneamento da América Latina, com um lucro no terceiro trimestre de 2022 de mais de 1 bilhões de reais. É a Petrobrás do paulista. Essa história de queda de preço não ocorreu em nenhum lugar do mundo, por que ocorreria aqui?”.
Além de não reduzir tarifas, o parlamentar diz que os municípios menores e os distritos mais afastados perderão o acesso ao sistema de água. “Das 371 cidades atendidas pela Sabesp, há pontos, sobretudo nas comunidades com 50 ou 100 famílias, em que não compensa, do ponto de vista financeiro, levar água ou estação de tratamento de esgoto. Mas mesmo assim a Sabesp leva, pois a empresa é pública e é compensada pelas localidades em que há lucro. Quem garante que uma Sabesp privada manteria ou expandiria os serviços nesses pontos? O prejuízo está desenhado”.
Um entrave para os planos de Emídio de barrar a privatização pode ser o número de parlamentares que apoiam a gestão de Tarcísio de Freitas, na casa de 70, de um total de 94 deputados. “Mas com o preço mais alto do serviço, os deputados que aprovarem a privatização ficarão marcados em suas bases. Por isso muitos podem pular fora da ideia e virem para o nosso lado”, diz Emídio.
Promessa de campanha do governador, a privatização da Sabesp poderá sair em dois anos. Atualmente, o estado é dono de 50,3% da companhia e a ideia do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro é é seguir o modelo feito na Eletrobrás. “Vamos pulverizando capital, eventualmente mantendo uma participação do estado, que acho que é estratégico e importante. Podemos ir saindo em etapas (…) O valor da venda das ações traz muito dinheiro para São Paulo, que vai ser repartido com os municípios de concessão, e eu permito capturar dinheiro no sistema de saneamento para levar aos municípios que ainda não estão atendidos pela Sabesp”, afirmou o governador no início do mês, em evento para investidores.