Torres chamou minuta de “descartável”, mas não descartou

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou, em depoimento de dez horas à Polícia Federal nesta quinta-feira, não ter ideia de quem elaborou a minuta do decreto sobre “estado de defesa” contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrado em sua casa. Também garantiu que a sua viagem aos Estados Unidos enquanto ocorriam os ataques à sedes dos Poderes no dia 8 de janeiro já estava programada desde novembro. Disse ainda que perdeu o celular durante a viagem e que não se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Confira os principais trechos:

Reunião entre Marcos do Val, Bolsonaro e Daniel Silveira
Torres disse “não ter conhecimento e não ter participado” da reunião entre Bolsonaro, o então deputado Daniel Silveira e o senador Marcos do Val. Afirmou também que durante o seu mandato Bolsonaro questionava o método de apuração das eleições e dizia que o processo deveria ser mais transparente.

Bolsonaro ‘aparentemente depressivo’
O ex-ministro relatou que após a eleição o então presidente “passou a ficar introspectivo e aparentemente depressivo, desenvolvendo inclusive erisipela”. Assim, segundo Torres, “pouco recebia seus assessores e ministros, passando a ficar recluso em sua residência”. Questionado se Bolsonaro deixou claro o inconformismo com a derrota nas urnas, o ex-ministro respondeu que “na verdade ele ficou decepcionado com a derrota e não inconformado”.

Decreto de estado de defesa no TSE
Torres afirma que “não sabe e não tem ideia de quem elaborou” o documento. Relatou também que “não pediu para que fosse redigido esse documento”. Ressalta ainda ter tomado conhecimento pela imprensa que outras pessoas receberam documentos de teor semelhante. O ex-ministro também disse que “desconhece as circunstâncias em que foi produzido” e que o texto não foi encaminhado para ninguém. Por fim, “declara expressamente nunca ter levado o documento ao conhecimento do então presidente Bolsonaro”.

Viagem em 8 de janeiro
O ex-ministro disse que, como todo o protocolo para os protestos de 8 de janeiro estava adequado, decidiu prosseguir com a sua viagem para os Estados Unidos naquela data. “Se a realidade daquele momento indicasse a existência de probabilidade de atos extremistas, como os que ocorreram, não teria viajado”, afirma no depoimento. Torres contou ter comprado as passagens no dia 21 de novembro, quando não se cogitava a ocorrência dos atos. Também relatou ter comunicado o governador Ibaneis Rocha sobre a viagem. Sobre a presença de Bolsonaro nos Estados Unidos na mesma época, disse que quando emitiu as passagens não tinha conhecimento que o ex-presidente iria para os Estados Unidos. Também relatou que eles não se encontraram.

Celular perdido
Indagado no depoimento sobre a localização do seu celular, informou que não o deixou nos Estados Unidos, mas o perdeu. Disse que após a decretação de sua prisão no Brasil, passou a ser procurado por uma infinidade de pessoas e, por causa disso, resolveu desligar o aparelho. Torres afirmou que não sabe onde o celular se encontra, mas se comprometeu a fornecer a senha da nuvem.

O Globo