BC bolsonarista dá uma baixada de bola

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Foto: Raphael Ribeiro/BCB

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, veio em tom mais ameno que o comunicado da decisão dos juros na quarta-feira passada. No documento, divulgado nesta terça-feira, 28, a autoridade monetária fez novas sinalizações aos pacotes já anunciados pelo Ministério da Fazenda e afirma que um arcabouço fiscal “sólido e crível” pode levar a um processo de queda da inflação “mais benigno” ao reduzir as expectativas de alta dos preços, de incerteza na economia e dos prêmios de risco de ativos — entre eles, juros e câmbio. O colegiado, formado pelo presidente do BC e diretores do órgão, enfatiza que não há relação direta entre a nova regra fiscal e o processo de queda na taxa básica de juros.

“O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos”, disse o Copom na ata. BC. ” o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos”.

O arcabouço fiscal, conjunto de regras que irão substituir o teto de gastos, deve ser apresentado pelo governo Lula nas próximas semanas. O plano inicial do mininstro da Fazenda, Fernando Haddad, era anunciar antes da reunião do Copom, para demonstrar o compromisso e tentar influenciar na redução do incômodo patamar de juros. O presidente Lula, entretanto, adiou os planos da equipe econômica para aprofundar discussões sobre o tema e medir a temperatura no Congresso Nacional.

A expectativa é que o arcabouço fosse anunciado após a viagem do presidente para a China. Porém, com o adiamento do compromisso, há pressão para que o projeto seja divulgado o quanto antes. A Selic foi mantida em 13,75% pela quarta reunião seguida, o maior nível desde 2016. Logo após o comunicado, ministros do governo Lula e o próprio presidente voltaram a artilharia a política monetária e ao presidente do BC,Campos Neto. Na ata da reunião, o colegiado afirma que o processo desinflacionário demanda “serenidade e paciência”, já que o lado fiscal não é a única variável para a pressão inflacionária.

“Observa-se uma dinâmica inflacionária movida por excessos de demanda, inicialmente em bens e que atualmente se deslocou para o setor de serviços, e que, portanto, requer moderação da atividade econômica para que os canais de política monetária atuem. Tal processo demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas”, afirma.

As projeções para a inflação neste ano situam-se no patamar de 5,8%, afirma o Banco Central. A variação está acima do centro da meta (3,25%) e do teto (de 4,75%). Após a divulgação dos juros, na quarta passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o comunicado era preoupante, mas esperaria a ata, argumento reverberado por sua colega de área econômica, a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Assim como na primeira reunião do ano, que também manteve a Selic em 13,75%, o Copom faz menção positiva as ações do Ministério da Fazenda no processo inflacionário. “O Comitê avalia que o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, e já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo”.

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