Bolha bolsonarista ignora fatos e adota versões
Foto: Aline Massuca/Metrópoles
Só se fala nas joias que o governo de Jair Bolsonaro (PL) tentou, por diversas vezes, liberar da apreensão pela Receita Federal? Não nas redes da militância bolsonarista.
Os assuntos políticos do momento repercutem de maneiras distintas para cada lado da militância. Da mesma forma que a bolha da esquerda prefere não falar muito nas denúncias contra ministros do governo Lula (PT), a oposição bolsonarista resiste a engajar o caso das joias enviadas como presente da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Quando falam no assunto, porém, os bolsonaristas adotam a versão de que nada houve de irregular no enredo dos presentes, que, no total, valem R$ 16,5 milhões. Para os defensores do legado de Bolsonaro, os artigos seriam incorporados ao patrimônio público como acervo da Presidência da República.
O principal produtor de explicações sobre o caso das joias é o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto no governo Bolsonaro Fabio Wajngarten, que vem divulgando desde a última sexta (3/3) documentos para atestar a tese de que elas não seriam destinadas ao acervo pessoal dos ex-ocupantes do Palácio da Alvorada. As postagens dele têm sido propagadas por outros influenciadores bolsonaristas e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Wajngarten tem tido bastante trabalho, porém, pois a cada dia surgem mais evidências de que houve esforço incomum de vários órgãos do governo para reaver os presentes apreendidos.
Com a abertura de investigações, da própria Receita e também da Polícia Federal, sobre o que se passou desde que as joias foram interceptadas com um servidor federal que tentou passar pela alfândega sem declará-las, em 26 de outubro de 2021, a tendência é de que os bolsonaristas sejam obrigados a falar mais no assunto.
Outra tática de agentes políticos bolsonaristas para desqualificar as denúncias relativas às joias é classificá-las como uma tentativa da esquerda de abafar temas que estariam causando desgaste ao governo Lula. “O objetivo é fazer uma cortina de fumaça para o povo não ver o aumento da gasolina, o aumento do desemprego, as besteiras que o Lula está fazendo”, afirmou o deputado federal e youtuber Gustavo Gayer (PL-GO) em vídeo divulgado em suas redes.
“Está documentado que essas joias não iam para a Michelle. Iam para o acervo (do Estado brasileiro), e a imprensa está fingindo que não está vendo”, alegou.