Com chantagem, Lira mantém força mesmo sob Lula
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se saiu vitorioso na maioria das quedas de braço travadas com o Palácio do Planalto nos primeiros meses de governo Lula. A força de Lira, reeleito com votação recorde ao comando da Casa, incomoda a base do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), causando embaraços ao governo.
Lula e ministros têm evitado enfrentar Lira por receio de que isso trave o governo. No início do mês, o presidente da Câmara alertou que o Planalto “ainda não tem uma base consistente”, no mesmo dia em que Lula avaliava demitir o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, do União Brasil. Após o alerta, Lula manteve o ministro.
Votação recorde: Lira foi reeleito em fevereiro para a presidência da Câmara dos Deputados com 464 votos, um recorde desde a redemocratização. O bloco de apoio ao parlamentar do PP teve participação do PT, partido do presidente Lula, e do PL, de Bolsonaro.
Cargos mantidos: Apesar de ter sido um dos principais aliados do então presidente Jair Bolsonaro, Lira e seu grupo político conseguiram manter, no governo Lula, o controle de cargos como a presidência da CBTU, origem de processo contra ele no STF; presidência nacional e a superintendência em Alagoas da Codevasf e do Dnocs; uma diretoria do Sebrae e a administração do Porto de Maceió
Permanência de ministro: Alvo de acusações como uso de avião da FAB e recebimento de diárias para comparecimento em evento de caráter pessoal, o ministro Juscelino Filho (Comunicações), indicado pelo União Brasil, foi mantido pelo presidente Lula na pasta no mesmo dia em que Lira, em um recado ao Palácio do Planalto, afirmou que o governo não tem uma base consistente na Câmara.