Deputada do PL apoiou tentativa de golpe de 8/1
Foto: Murillo Camarotto
Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) apontou que a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) cometeu “crime de opinião” ao divulgar, nas redes sociais, vídeo sobre os atentados de 8 de janeiro, com legenda que endossava a invasão das sedes dos Três Poderes.
A parlamentar é alvo de um inquérito que tramita na Corte. Segundo a PF, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) enquadrar a conduta dela. A suspeita apontada pelo órgão é que a deputada cometeu incitação ao crime, com a provocação da prática de atos violentos contra o Estado Democrático de Direito.
“Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho”, disse ela na publicação feita no Instagram. Os investigadores lembraram também que, na época da postagem, ela ainda não havia sido diplomada como deputada federal, “não sendo revestida da imunidade penal pelas opiniões, palavras e votos”. “Embora sustente que a postagem teve sentido jornalístico de informação, é inegável na legenda o apoio e aprovação à ação criminosa.
É notório que a ocupação do Congresso Nacional ocorreu após provocação e agressão às forças de segurança, ainda que com pouca resistência.
Mas também deve ser observado que o vídeo por ela divulgado não apresentou, ao menos de forma evidente, o enfrentamento às forças de segurança, atos de violência e outras ações de vandalismo”, disse a corporação. No relatório, a PF afirmou ainda que há indícios de que a deputada, após passar a ser investigada, tenha apagado “algum material comprometedor” das redes sociais.
Segundo os investigadores, levantamento realizado em 6 de março nos perfis da parlamentar “não indicou postagens com o intuito de convocar ou incitar pessoas contra o Estado Democrático de Direito”. O documento apontou, porém, que “a pesquisa ocorreu praticamente dois meses após os atentados, e face às poucas publicações hoje existentes, é possível que a parlamentar tenha removido algum material comprometedor”.
Em depoimento à PF no mês passado, Silvia Waiãpi reconheceu que divulgou o vídeo, mas negou que tenha participado dos atos em Brasília. Ela apresentou uma linha do tempo de localização do seu aparelho celular indicando que ela estava no Rio na ocasião.
“No caso, a parlamentar afirmou que teve acesso ao vídeo que versava sobre a invasão ao Congresso Nacional em um grupo de WhatsApp, e este estaria público e disseminado na internet e nas redes sociais. De fato, a investigação teve conhecimento de postagens com o mesmo conteúdo que foi divulgado pela parlamentar”, diz o relatório.