Deputado-moleque monta gabinete do ódio

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Foto: Karoline Barreto/Infoglobo

Investigada durante a CPI da Covid, a advogada Lígia Nara Arnaud Tomaz foi nomeada assessora especial do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Lígia é irmã de Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi apontado em depoimentos concedidos a Polícia Federal (PF) como líder do “gabinete de ódio”, estrutura do Palácio do Planalto que teria sido montada para divulgar informações falsas sobre o coronavírus e qualquer oponente político do então presidente.

Assim como o irmão, Lígia teve seu sigilo telefônico e telemático quebrado pela CPI em 2021. Apesar de não ter exercido um cargo no governo federal, ela foi apontada como uma das criadoras de conteúdo falso “a respeito do uso de vacinas, do tratamento precoce sem eficácia comprovada e de teorias como a da imunidade rebanho na internet”.

À época, Tércio criticou a decisão nas redes sociais. “Olha o desespero dessa CPI. Minha irmã nem do governo é para quebrar sigilo”, escreveu no Twitter.

Diferentemente do ex-assessor de Bolsonaro, Lígia não foi indiciada pela comissão no Senado.

Antes de ser apontado como líder do “gabinete de ódio”, Tércio trabalhou na Câmara do Rio, lotado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro. Em julho de 2020, quando já era assessor especial da Presidência, ele foi apontado pela rede social Facebook como um dos administradores de contas falsas usadas para proferir ataques a opositores de Bolsonaro .

O relatório, à época, afirmava que apoiadores próximos à família Bolsonaro criavam personagens fictícios, como se fossem repórteres ou pessoas comuns, para tecer críticas on-line e escapar de punições. O Planalto sempre negou que existisse um grupo do tipo na estrutura institucional da Presidência.

Para além de Tércio e Lígia, um terceiro irmão também exerceu um cargo de assessoria na gestão pública de um bolsonarista. Túlio Arnaud Tomaz foi nomeado em janeiro de 2021 como assessor técnico jurídico da secretaria de Administração da Prefeitura de Campina Grande, na Paraíba, na gestão de Bruno Cunha Lima (PSD), aliado do ex-presidente.

Durante as eleições do ano passado, Cunha Lima postou um vídeo ao lado do deputado federal Cabo Gilberto (PL). Na ocasião, os políticos falaram sobre a missão de conseguir 1 milhão de votos para o então candidato à reeleição no segundo turno, no qual Bolsonaro foi derrotado.

Túlio já havia sido nomeado para cargo em comissão em setembro de 2020, na gestão anterior da prefeitura, comandada pelo ex-prefeito Romero Rodrigues (PSD).

O Globo