Extrema-direita se unirá com volta de Bolsonaro
Foto: Mirelle Pinheiro/Metrópoles
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que retorna ao Brasil após 90 dias nos Estados Unidos, avaliam a volta como um “gás” para a consolidação da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. Com o maior número de deputados na Câmara, o PL deve manter uma postura mais “firme” contra o Executivo.
Líderes dos partidos opositores afirmam que a volta de Bolsonaro será positiva e rechaçará aqueles que buscam aproximação com o governo.
“Vai ser bom para que a base bolsonarista tenha um pouco de interlocução. O governo anda assediando muito os deputados a irem para base. Temos que ter um contraponto, um outro lado, é assim que se faz politica. Ter ele mais perto vai ser bom”, avaliou Ricardo Barros, ex-líder do governo Bolsonaro.
A expectativa dos amigos e aliados do ex-presidente é que ele tenha dias de “folga” com a família, antes de assumir o cargo como presidente de honra do Partido Liberal e, depois, alinhe ideias com parlamentares, governadores e prefeitos.
“A volta do presidente Bolsonaro vai dar um up na oposição. Vai fortalecê-la. E virá, depois desse tempo nos Estados Unidos, com maior maturidade e vai também dar mais maturidade ao partido, que terá exponentes fortes. Isso [a volta] vai ser muito bom”, disse o vice-líder Lincol Portel (PL-MG), ao Metrópoles.
Parlamentares da oposição também afirmam que, após o período de descanso, Bolsonaro deve percorrer o país para discutir pautas prioritárias.
“Ele volta como ex-presidente, tem as pautas dele como ex-presidente. Sabemos da sua importância política nacional. Ele deve cruzar o Brasil narrando e falando sobre tudo o que viu e fez nesses quatro anos”, afirmou o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS).
O parlamentar também avalia que a volta de Bolsonaro representa um incentivo aos membros da oposição, que estavam desmotivados desde a derrota do ex-mandatário nas urnas. Para o senador, o ex-presidente auxiliará no “reagrupamento da direita brasileira”.
“A volta de Jair Bolsonaro representa um incentivo àqueles que, nesses últimos três meses, estavam tristonhos com a saída do líder da direita no Brasil. Ele saiu por livre e espontânea vontade, foi um momento sabático que ele passou nos Estados Unidos, até para descansar, foram quatro anos muito intensos. Mas a volta dele, sem sombra de dúvidas, resultará em um reagrupamento da direita brasileira”, concluiu.
Uma das pautas discutidas pelo PL após a volta de Bolsonaro será o planejamento de candidaturas para as eleições de 2024 e 2026. De acordo com membros da sigla, o ex-presidente definirá “pontos-chave” a serem seguidos nos próximos anos.
“Ele falará a respeito da situação que o Brasil vive, essa grande crise econômica e política que vivemos, e das diretrizes que vamos seguir até 2026. Em 2024 temos eleições municipais, esse é um dos nossos pontos chave. O presidente Bolsonaro sempre deixa isso muito claro, formar base, prefeitos e vereadores, para que em 2026 a gente consiga retomar o país”, afirmou o deputado Carlos Jordy (PL-RJ).
O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, preparou uma recepção para Bolsonaro. O ex-presidente será recebido nesta manhã na sede do PL, localizada no Complexo Brasil 21, em Brasília. Além de Valdemar, Michelle Bolsonaro, mulher do ex-mandatário, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, participarão do evento. Deputados e senadores da sigla também estarão na cerimônia.
De acordo com o partido, Bolsonaro não deve fazer discurso durante o evento, que ocorrerá em um “espaço reservado, com acesso restrito”. Na próxima semana, o ex-presidente assumirá o posto de presidente de honra do PL. Neste cargo, ele receberá a remuneração igual a de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, o salário de um ministro do STF é o teto do funcionalismo público e, a partir de 1º de abril deste ano, será de R$ 41.650,92.
A volta de Bolsonaro ao Brasil mobilizou as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Federal. O objetivo é evitar novos ataques aos prédios públicos e conter possíveis manifestações golpistas como a de 8 de janeiro.
Na madrugada de quarta-feira (29/3), o trânsito na Esplanada dos Ministérios foi interditado. Além disso, o Palácio do Planalto e a Praça dos Três Poderes tiveram áreas isoladas por grades de proteção.
O sistema de segurança também conta com viaturas da Policia Militar do Distrito Federal e homens do Exército. Uma equipe da PM também fará a segurança do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além da segurança na Esplanada, o Aeroporto Internacional de Brasília contará com agentes da Polícia Federal. O local deve receber apoiadores.