Loja dos Bolsonaro vende “caneca golden shawer”

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Foto: Reprodução

Com o intuito de “manter vivo o verdadeiro legado do Jair”, um site fictício foi montado por opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a “Bolsonaro Shop”. O domínio registrado na cidade fictícia de “Miliciopolis” é uma ironia em resposta a Bolsonaro Store, empreendimento montado pela família do antigo chefe do Executivo no final de fevereiro. Entre os “produtos”, a loja exibe o conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões dado a então primeira-dama, Michelle, por autoridades da Arábia Saudita em uma viagem oficial e interceptado pela Polícia Federal — crise que veio à público na última sexta-feira com reportagem do jornal Estado de S. Paulo.

Outros momentos polêmicos do governo Bolsonaro também foram relembrados nos supostos produtos. Em março de 2019, o ex-presidente viralizou ao perguntar, via Twitter, o que seria golden shower, a prática de sentir prazer ao urinar no parceiro ou receber dele jatos de urina durante o ato sexual. A partir desta referência, uma caneca de chope com a frase estaria à venda. O botão de compra, no entanto, direciona o usuário a uma página de doações para os indígenas Yanomamis e para as famílias atingidas pelas chuvas que acometeram o litoral norte de São Paulo no final do mês passado.

“Infelizmente esses produtos existem apenas em nossos corações. Mas você pode usar a sua grana para mitigar os efeitos perversos da gestão Bolsonaro. Se um dia esses produtos forem reais… Deixe seu nome e email aqui e avisaremos você”, diz a página.

No total, a Bolsonaro Shop conta com catorze itens. Além dos citados, há uma chaveiro que reproduz a pichação que foi feita na escultura “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal, durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, apoiadores de Bolsonaro escreveram os dizeres “perdeu, mané”, frase que foi dita pelo ministro Luís Roberto Barroso a um bolsonarista em viagem aos Estados Unidos em dezembro passado.

Um poster de um ensaio nu feito pelo ex-secretário de Cultura e deputado federal Mário Frias (PL-SP) quando era ator de novela e uma capa de tornozeleira eletrônica customizada com as cores da bandeira do Brasil também são “vendidos”.

Mais produtos da Bolsonaro Shop — Foto: Reprodução

No final de fevereiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) lançou a Bolsonaro Store, uma loja de produtos em homenagem ao ex-presidente. Ao anunciar a novidade em vídeo publicado em suas redes sociais, o parlamentar atuou como “garoto-propaganda” e apresentou um calendário com fotos do pai em seu período na Presidência. A iniciativa foi ironizada por internautas, surpresos com a “nova função” do parlamentar.

No vídeo, Eduardo apresentou o calendário da nova loja com “fotos exclusivas e de qualidade”, e imagens da posse de Bolsonaro e de seus quatro anos de governo são exibidas, além de registros do produto anunciado. Na versão de parede, ele é vendido no site por R$ 59.

Na última sexta-feira, o jornal Estado de S.Paulo revelou que, em outubro de 2021, a Receita Federal apreendeu no Aeroporto de Guarulhos (SP) um conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que seria um presente do governo da Arábia Saudita à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo a reportagem, um estojo contendo colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes foi encontrado na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O próprio ministro tentou obter a liberação das joias, expediente repetido outras quatro vezes.

Também em outubro de 2021, um segundo pacote de joias teria entrado ilegalmente no país na bagagem de Albuquerque e sido posteriormente entregue à Presidência da República. O estojo continha um relógio, uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça Chopard, e era supostamente destinado a Bolsonaro. A caixa de joias só foi para o acervo da Presidência no dia 29 de novembro de 2022, ou seja, mais de um ano depois. O Ministério Público Federal (MPF) investiga o caso.

O Globo