Lula põe fim a exaltações infames da ditadura
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O golpe militar executado em 31 de março de 1964 por militares do Exército brasileiro completa 59 anos. Diferentemente da gestão de Jair Bolsonaro (PL), simpatizante da ditadura, o governo federal de Lula (PT) não irá celebrar a data. Nem o Exército divulgará mensagem relembrando o período em que militares fecharam o Congresso, censuraram a imprensa e prenderam, mataram e torturaram opositores.
A mensagem de aniversário do golpe foi retomada pelo ex-presidente Bolsonaro já no seu primeiro ano de governo, em 2019. Nos quatro anos de seu mandato, foi celebrado o dia 31 de março e exaltado o golpe. Tropas organizadas pelo Ministério da Defesa leram a “ordem do dia” que chamava a ditadura de “marco histórico”. Os militares defenderam a falsa justificativa de que salvaram o Brasil do então presidente deposto, João Goulart, que instalaria um regime comunista no país.
Neste ano, vai ser diferente. Como antecipou a colunista do UOL Carla Araújo, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, decidiu que não haverá a leitura da ordem do dia. A decisão de não divulgar uma mensagem pela data, segundo fontes da caserna, se deve a uma interpretação do comandante de que “o normal era não existir”. O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania instalou uma nova Comissão de Anistia, que começou os trabalhos ontem. O grupo irá rever todos os pedidos de anistia de vítimas da ditadura militar que foram negados pelo governo Bolsonaro. Entre os pedidos de revisão, está o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi torturada por militares. FHC acabou com mensagem pró-golpe A leitura da ordem do dia parou de ser feita em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) –que até hoje é criticado por militares. Segundo o Exército, depois disso, só foram localizadas ordens do dia publicadas em 2004, 2005 e 2006, durante as gestões de Lula (2003 a 2010). Não foi possível encontrar registros dessas leituras públicas. Não houve leitura de ordens do dia na gestão de Dilma Rousseff, vítima da ditadura. Tampouco há registros de leituras de ordens do dia na gestão de Michel Temer (MDB).