Lula prova que fez PF voltar a ser independente
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
O caso Sergio Moro ilustra a capacidade de Lula de fazer gol contra e golaço no mesmo jogo. A declaração sobre foder o ex-juiz e se vingar foi desastrosa. Pouco condizente com o cargo que ocupa. Nada compatível com “o amor venceu” repetido à exaustão.
Para quem prometeu pacificar o país, os sinais dados até o momento vão na direção contrária. Lula tem torpedeado adversários políticos. Além de Moro, os dois ex-presidentes que antecederam o petista estão na linha de tiro. Políticos de três partidos com representatividade no Congresso Nacional. Autêntico e pouco pragmático, Lula divide mais do que une.
O presidente tropeçou na própria língua quando falou sobre o ex-juiz da Lava Jato. E paga o preço com desgaste político. Novos pedidos de impeachment, protocolados por bolsonaristas, chegaram à Câmara. Embora devam parar na gaveta, servem para inflamar o país.
O clima de Fla-Flu não favorece o Planalto nas votações no Congresso. Assim como o PT se deleitava com a verborragia de Bolsonaro, o inverso ocorre. Em casos assim, a oposição agradece.
A operação da Polícia Federal para proteger Moro do PCC, contudo, indica independência das forças de segurança. Não haveria um timing pior para Lula do que ontem. E isso, ironicamente, é um bom sinal em relação ao governo.
Certamente, o presidente não sabia detalhes da bem-sucedida operação da PF, que prendeu nove suspeitos. É ótimo que seja assim. Se Lula, pessoa física, fez um gol contra esta semana, o governo Lula fez um golaço.