Papa acusa movimento evangélico no Brasil de ser político
Foto: Imprensa do Vaticano
Em entrevista ao jornal argentino Perfil publicada na noite desse sábado (11/3), o papa Francisco criticou o desmatamento no Brasil, comentou a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e demonstrou preocupação com o crescimento das igrejas evangélicas no país. Em um momento descontraído, ele também cantarolou a famosa marchinha de Carnaval Cachaça não é Água.
O pontífice completará 10 anos à frente do Vaticano nesta segunda-feira (13/3). A relação com o Brasil sempre foi próxima.
O entrevistador Jorge Fontevecchia aproveitou para lembrar que a primeira viagem oficial como Papa foi ao Brasil, em 2013, e que, em números, a nação tem a maior população de católicos do mundo.
Francisco I destacou o tamanho do país. “O Brasil é um continente, é uma explosão de riqueza”, disse. Em seguida, o religioso criticou o fato de estar “tão preso na exploração dos recursos naturais” e o impacto de um desequilíbrio no ecossistema brasileiro para o restante do mundo.
“O desmatamento é impressionante no Brasil, é escandaloso. Eles estão tirando sua riqueza, até mesmo dos pulmões da humanidade. E, se eles tiram isso, tiram nosso oxigênio, tiramos riqueza. O Brasil tem que se resolver pela dinâmica de oposição dentro de si, e não pela uniformidade ideológica, de um lado ou de outro”, avaliou.
O apresentador Fontevecchia questionou o pontífice sobre a religiosidade do presidente Lula e como enxerga o político brasileiro. O pontífice comentou que o petista tem uma religiosidade popular elementar, devido à criação com origem católica.
O papa ainda acrescentou preocupação com a mistura de política e religião. Segundo o Papa, esse tem sido um movimento comum no Brasil, que ele classificou como seitas evangélicas. “Acho que muito dessa divisão no Brasil tem que ser feita para deixar claro o que é político e o que é religioso. Existem movimentos religiosos que não são religiosos, são políticos, e existem movimentos religiosos que são religiosos, e não é fácil discerni-los, mas isso deve ser feito”.
Carnaval
Com forte ligação com o Brasil, o Papa não deixou de elogiar a alegria do povo brasileiro e as festividades nacionais, sobretudo o Carnaval. O pontífice ainda cantarolou a marchinha Cachaça não é Água, arranhando um pouco a letra e o ritmo da canção.