TCU vai inspecionar presentes que Bolsonaro guardou
Foto: Joe Raedle – 3.fev.2023/AFP
A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) solicitou ao ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes que determine uma auditoria de todos os bens declarados por Jair Bolsonaro (PL) como parte de seu acervo particular ao final de seu mandato como presidente.
A parlamentar, que assina uma representação feita à corte sobre o caso das joias vindas da Arábia Saudita, quer que o ex-mandatário discrimine todos os itens que acumulou ao longo dos anos em que esteve no Palácio do Planalto.
Cavalcante diz haver “indícios de má-fé” por parte de Bolsonaro. Ela aponta que, em 2018, o patrimônio declarado pelo então candidato à Presidência era de R$ 2.286.779,48. Em 2022, quando disputou a reeleição, Bolsonaro declarou R$ 2.317.554,73 —uma diferença de pouco mais de R$ 30 mil.
“Muito aquém do valor das joias que constou de seu acervo particular”, afirma a deputada ao ministro Augusto Nardes, relator da ação, sobre o aumento de R$ 30 mil no patrimônio.
Cavalcante ainda aponta que a relação feita do acervo do ex-presidente omite um fuzil e uma arma que ele trouxe ao Brasil em 2019, ao voltar de uma viagem ao Oriente Médio. O presente foi concedido a ele por representantes dos Emirados Árabes, durante uma viagem oficial.
O fuzil foi customizado com o nome de Bolsonaro, segundo informações publicadas pelo site Metrópoles. A pistola pode ter preços que variam de R$ 5,9 mil a R$ 15,6 mil. Modelos semelhantes do fuzil custam entre R$ 32 e R$ 42 mil.
O TCU deve aprovar, ainda nesta quarta-feira (15), uma auditoria nos presentes. Como mostrou a coluna, nesta quarta-feira, a corte de contas deve determinar que Bolsonaro devolva não apenas as joias que recebeu de presente da Arábia Saudita como também as armas.
Nesta semana, advogados do ex-presidente apresentaram uma petição afirmando que ele está disposto a entregar ao tribunal joias que recebeu de presente da Arábia Saudita em 2021. Eles não incluíram no lote, no entanto, as armas recebidas.
Os ministros do TCU devem negar a proposta do ex-presidente e determinar que todos os bens (joias e armas) sejam enviados a órgãos públicos, como a Receita Federal, a Polícia Federal e o patrimônio público da União.
As joias que o ex-presidente agora disponibiliza ao TCU foram trazidas pela comitiva liderada pelo então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em viagem àquele país.
O estojo, incorporado ao acervo pessoal do então presidente, continha relógio, caneta, abotoaduras, um tipo de rosário e anel, também da marca suíça Chopard.