TSE liga Anderson Torres a caso Bolsonaro

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Foto: Cristiano Mariz

O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Benedito Gonçalves, determinou nesta quinta-feira que o ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro Anderson Torres seja ouvido para esclarecer a minuta golpista encontrada em sua casa, em janeiro, e sua participação em uma live feita pelo ex-presidente com ataques ao sistema eleitoral.

A decisão do ministro foi tomada no âmbito da ação que investiga a realização de uma reunião organizada por Bolsonaro no palácio da Alvorada com embaixadores, nas quais atacou as urnas eletrônicas.

Além de Torres, o corregedor do TSE também determinou a tomada de depoimento do coronel Eduardo Gomes da Silva, Coronel reformado, a respeito de sua contribuição e participação na live de julho de 2021, e dos servidores da Polícia Federal Ivo de Carvalho Peixinho e Mateus de Castro Polastro.

Na transmissão de julho de 2021, Bolsonaro promoveu uma série de teorias da conspiração sobre as urnas eletrônicas supostamente baseadas em um inquérito da Polícia Federal sobre as eleições de 2018. Segundo o ministro do TSE, esse fato também foi mencionado para os embaixadores na reunião de 2022 – motivo pelo qual as oitivas se fazem necessárias agora, segundo ele.

– Eu tive acesso a esse inquérito no ano passado [2021], e divulguei – disse Bolsonaro, na ocasião.

Os servidores da PF já foram ouvidos em outra apuração que tramita a respeito dos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral.

Na decisão desta quinta-feira, Gonçalves também aponta para uma fala de Bolsonaro durante a reunião com os embaixadores, fato que, segundo ele, “exige apuração”.

“Ao final do discurso, Jair Messias Bolsonaro expressamente afirmou que Carlos Alberto Franco França, então Ministro das Relações Exteriores, iria encaminhar “extrato” da reunião às Embaixadas, e que disponibilizaria aos interessados, também, a íntegra do Inquérito da Polícia Federal”, diz o ministro.

Gonçalves afirma que diante da negativa do ex-chanceler de Bolsonaro, Carlos França, de conhecer qualquer documento que tenha sido produzido para mandar às embaixadas, é importante saber se existem documentos na Casa Civil, Ministério das Relações Exteriores e Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência que possam esclarecer “se contribuíram, ou não, para preparar ou repercutir evento, e, em caso positivo, de que forma atuaram”.

Por isso, o corregedor do TSE deu três dias para que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, encaminhe “informações consolidadas sobre a participação de órgãos do Governo Federal na preparação, realização e difusão do encontro realizado no Palácio do Planalto, em 18/07/2022”.

O ministro marcou os depoimentos do coronel e dos servidores da PF para o próximo dia 16 de março, e pediu autorização para Alexandre de Moraes no caso da oitiva de Torres, uma vez que o ministro do Supremo Tribunal Federal é o relator do inquérito que apura a participação de autoridades nos atos golpistas de 8 de janeiro. Além disso, Gonçalves deu à defesa de Bolsonaro prazo para informar se deseja incluir mais alguém como testemunha, ou fazer a realização de novas provas.

O Globo