TST pede desculpas a nordestinos por escravidão no RS

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Foto: Reprodução

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) prestaram solidariedade nesta sexta-feira (3) à população do Norte e do Nordeste após o discurso xenófobo do vereador gaúcho Sandro Fantiel (Sem partido).

Em fala na Câmara Municipal de Caxias do Sul (RS) na terça feira (28), o vereador questionou a repercussão do resgate de empregados mantidos em situação de escravidão em Bento Gonçalves (RS) durante a temporada de colheita de uva.

Ele pediu que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. A maioria dos trabalhadores contratados para a colheita da uva veio do estado nordestino.

Fantiel acabou expulso do Patriota, partido ao qual era filiado.

Nesta sexta, em um seminário internacional sobre as relações do trabalho, ministros da Corte Superior usaram a palavra em protesto à fala do vereador.

“Peço licença para fazer uma saudação especial à minha gente. A minha gente da Bahia. O Brasil nunca será um país digno se nós tivermos pessoas que se sintam superiores a outras, na fala, no comportamento e no modo de viver”, afirmou o ministro Cláudio Mascarenhas, natural da Bahia.
“Nos somos únicos na miscigenação na qual fomos construídos, indígenas, negros, brancos, europeus”, acrescentou.

O ministro afirmou ainda que não se pode “compactuar com qualquer gesto da superioridade humana” e lembrou da semana dedicada à memória dos 100 anos da morte de Rui Barbosa, um jurista e baiano.

“Como nordestina não posso deixar de dizer aqui, em homenagem ao desembargador Sérgio, ao ministro Cláudio, aos colegas nordestinos: viva o povo nordestino”, afirmou a ministra Kátia Magalhães Arruda.

Ministra Maria Helena Mallmann também falou a respeito do caso.

“Primeiro lugar, quero dizer da minha dedicação e da minha admiração pelo povo do Nordeste e pelo povo do Norte. Como mulher do Sul, gaúcha, sou tradicionalista tenho orgulho do meu estado, mas também reconheço toda luta do povo nordestino”, afirmou.

Além de ser expulso do partido, o vereador é alvo de uma investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e poderá ter o mandato cassado. O Ministério Público do Trabalho também investigará o parlamentar por apologia ao trabalho escravo.

G1