Após pressão mundial, Lula defende Ucrânia
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No último dia de visita a Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a declaração mais enfática de defesa da Ucrânia, país invadido pela Rússia há mais de um ano. “Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”, afirmou em discurso na Assembleia da República.
Lula ressaltou que o Brasil compreende a apreensão da Europa com o retorno da guerra e reforçou que o país acredita “em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”. Mas insistiu na importância das negociações pela paz. “É preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares”, acrescentou.
Antes mesmo de desembarcar em Portugal, o petista vinha sendo criticado por ter igualado Rússia e Ucrânia, ao dizer que os dois países eram culpados pelo conflito. Afirmou ainda que a União Europeia e os Estados Unidos alimentavam a guerra em vez de negociarem a paz. Foi confrontado várias vezes pelas declarações, inclusive pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que reforçou o compromisso de seu país com a União Europeia.
O presidente lembrou que o conflito entre Rússia e Ucrânia provocou crises alimentar e energética no mundo. “Todos fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia”, assinalou.
Ele destacou que tanto Brasil quanto Portugal assumiram um compromisso absoluto com o multilateralismo. “Esse compromisso nos força a reconhecer que as ferramentas da governança global se têm mostrado inadequadas para fazer frente aos desafios atuais”, frisou.
Para o petista, o Conselho de Segurança das Nações Unidas está praticamente paralisado. “Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo contemporâneo”, argumentou. “Por isso, defendemos uma reforma que resulte na ampliação do Conselho, de maneira a que todas as regiões estejam representadas de forma permanente, de modo a torná-lo mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões.”
Após as agendas em Portugal, Lula seguiu para a Espanha, onde voltou a mencionar a guerra no Leste Europeu. O presidente caracterizou o conflito como “insano” e frisou que “jamais poderia ter acontecido”.
“Numa guerra insana que é a guerra da Rússia e da Ucrânia. Uma guerra que eu compreendo perfeitamente bem como é que os meus amigos europeus veem a guerra. Uma guerra que jamais poderia ter acontecido, porque não pode se aceitar que um país invada a integridade territorial de outro país”, completou, em discurso no Fórum Empresarial Brasil-Espanha, em Madrid.
Ele enfatizou, no entanto, ser uma guerra em “que também não tem ninguém falando em paz”. “E, às vezes, eu fico me perguntando: até quando essa guerra vai durar? Porque, se ninguém quiser construir a paz, e os dois lados, o que invadiu está reticente e o invadido também tem sua razão de estar reticente, quem é que vai tentar resolver essa situação?”
O presidente citou conversas com líderes mundiais como Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França) e Xi Jinping (China) e reiterou que o Brasil segue “na tentativa de arrumar parceiros” e construir “um movimento que traga a paz”. “Para que a Ucrânia possa ficar com o seu território, para que os russos fiquem com a Rússia, mas para que o mundo não sofra a falta de alimento, para que o mundo não sofra a falta de fertilizantes e para que o mundo volte a prosperar para gerar os empregos que a humanidade precisa”, concluiu.