Bolsonaristas da CPMI tentarão derrubar Dino

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso não vão admitir, mas já sabem que será impossível comandar a CPMI dos Atos Golpistas, que será instalada nesta quarta-feira. Por isso, estabeleceram uma outra meta a perseguir nos próximos meses: derrubar mais um ministro de Lula, de preferência o da Justiça, Flávio Dino.

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A estratégia dos integrantes do PL, partido do ex-presidente, é usar a comissão para desgastar de todas as formas a imagem de Dino, com o objetivo de emplacar a narrativa de que o ministro não agiu como deveria na prevenção e no enfrentamento dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Lideranças do PL ouvidas pela equipe da coluna acreditam no poder de criar as condições para forçar a demissão de Flávio Dino do governo, provocando um novo estrago político para Lula após a saída do general Gonçalves Dias, flagrado em imagens do circuito interno perambulando pelo Palácio do Planalto durante a invasão golpista.

“Logo após o 8 de janeiro, o PL estava com o jogo perdido. Mas agora já viu cair um ministro e podemos derrubar outro”, afirma um integrante do partido. “Se a CPMI atingir o Flávio Dino, já está bom.”

O roteiro discutido nos bastidores por oposicionistas ao governo Lula envolve pedir a quebra de sigilo telefônico de Dino e exigir acesso aos e-mails e a todos os relatórios de inteligência recebidos pelo ministro antes, durante e depois dos atentados.

Bolsonaristas também apostam que a CPMI vai ajudar a paralisar o governo e, por conseguinte, o país, afugentando investidores estrangeiros e atrapalhando os trabalhos de uma administração que já vem enfrentando uma série de dificuldades no caminho.

“Trata-se de tema já exaustivamente debatido publicamente, inclusive na CCJ da Câmara. Reitero que não recebi relatório de Abin sobre invasão às sedes dos 3 Poderes. A insistência nessa pauta antiga e vazia é prova de que não tem o que dizer”, disse Dino à equipe da coluna.

Do lado lulista, o discurso tem sido o de que a comissão acabará se configurando um “tiro no pé” da oposição, ao lançar luz sobre o papel do próprio Jair Bolsonaro nos sucessivos ataques ao regime democrático e na mobilização de extremistas que permaneceram acampados na porta dos quartéis se recusando a reconhecer a vitória de Lula.

Pela mesma razão, o PL escalou os filhos do presidente para compor o colegiado – além, é claro, de criar discursos, memes e vídeos que ajudem a desgastar o governo Lula na mídia tradicional e nas redes sociais.

Ainda assim, reconhecem que estão em desvantagem, e dizem temer a ação dos órgãos de investigação, como a Polícia Federal, na gestão Lula.

“Vai ser uma guerra sangrenta, com um jogo de narrativas”, prevê um deputado bolsonarista.

Difícil algum lado sair ileso. Resta saber qual vai perder mais.

O Globo